Inominável Inominável #11 | Page 71

Este é mais um dos segredos de Marrocos. Numa aldeia perdida no Atlas, a 1800 metros de altitude e disfarçadas por um exterior (infelizmente) em ruínas, neste kasbah subsistem bem conservadas algumas salas de um dos mais bonitos palácios marroquinos: o Dar Glaoui. Local de passagem das caravanas que ligavam o Saara a Marraquexe e próximo de grandes minas de sal, em finais do séc. XIX Télouet era uma localidade próspera e a capital da tribo berbere dos Glaoua. No sistema feudal ainda em vigor na época, o líder da tribo detinha vantajosos poderes administrativos, conferidos pelo sultão, numa área que chegou a abranger grande parte dos territórios a sul de Marraquexe.

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Nº 11 - Dezembro 2017

A não perder: compensa pagar a um dos “guias” que se encontram à entrada do caminho de acesso ao kasbah – o valor que cobram é reduzido (aliás em Marrocos quase tudo é barato, pelos nossos padrões) e ficamos a conhecer com maior detalhe a história do kasbah e da região.

O Kasbah de Télouet cresceu consideravelmente quando em 1912 Thami El Glaoui herdou a liderança dos Glaoua e o título de paxá de Marraquexe. O palácio foi aumentado e redecorado com pisos de madeira de cedro pintado e com ornamentos de estuque e azulejos coloridos nas paredes – e consta que o complexo terá chegado a albergar mais de mil pessoas. Tendo sido manifestamente apoiante dos franceses, quando Marrocos resgatou a sua independência El Glaoui caiu em desgraça, e depois da sua morte em 1956 o kasbah foi deixado ao abandono até 2010, altura em que começou a ser lentamente recuperado.