Inominável Inominável #11 | Page 55

Com uma área cinco vezes maior que a de Portugal e quase 13 séculos de existência (o primeiro estado marroquino foi fundado em 788), e com uma cultura que mistura influências berberes, árabes, europeias e da África subsaariana, em Marrocos há evidentemente muito para ver e absorver. Há cidades modernas como Casablanca ou Rabat, estâncias balneares criadas para satisfazer o turismo de massas, montanhas onde se esquia no Inverno, e grandes áreas de deserto onde nem sequer faltam enormes dunas de areia. Há ruínas romanas, aldeias que são cenários de filme, desfiladeiros rochosos, bosques de cedros, palmeirais que se perdem de vista, medinas labirínticas e, sobretudo, um mundo de contrastes onde o tradicional e o moderno coabitam em partes iguais sem grandes atropelos aparentes.

Entre o tanto que há para conhecer em Marrocos, há contudo alguns lugares que são incontornáveis e merecem uma visita mais atenta e demorada. Estes são apenas alguns deles.

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Nº 11 - Dezembro 2017

No estreito de Gibraltar, apenas 15 km mal medidos de água do mar separam Tarifa, no extremo sul de Espanha, de Tânger, no norte de Marrocos. A partir do Rochedo de Gibraltar, em dias claros é possível ver nitidamente o Jbel Moussa, a montanha com 850 metros que se ergue no extremo norte da costa marroquina. Há mais de cinco dezenas de travessias de ferry diárias que ligam Tânger às cidades espanholas de Algeciras e Tarifa. E todos os dias há voos directos que unem Portugal a várias grandes cidades marroquinas – como Casablanca, Marraquexe ou Fez – em pouco mais de uma hora. Marrocos está mesmo muito perto de nós.E no entanto, em Marrocos parece que estamos a muitos milhares de quilómetros do nosso país, como se num tão curto espaço de tempo tivéssemos atravessado meio mundo para lá chegar. Viajar em Marrocos não é só viajar no espaço para um outro continente – é viajar também no tempo, recuando para uma realidade que era em certos aspectos nossa ainda não há 50 anos, e viajar no nosso imaginário para tentar encontrar pontos de contacto entre a ideia (quiçá romântica) que temos deste país e aquilo que ele realmente é: um cadinho de culturas, de surpresas, e de anacronismos.

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por Ana CB