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JOGOS

Nº 11 - Dezembro 2017

Creio que vos devo uma explicação. Aliás, devo evidentemente, pois não iria fazer este relato todo sem um propósito claro em mente.

Talvez alguns de vós já tenhais ouvido falar de um videojogo chamado Minecraft. Talvez não reconheçais o nome, mas tereis eventualmente um filho ou sobrinho ou neto que esteja de vez em quando pasmado no computador/consola a brincar num mundo virtual aos cubos. O sucesso explosivo deste videojogo há vários anos atrás catapultou-o para um possível merecido título de "obra-prima", neste caso não pela sua beleza estética, mas pela singeleza das suas mecânicas de jogo, em particular a liberdade quase total que qualquer indivíduo tem para fazer os projectos mais insanos que lhe vierem à cabeça, usando simplesmente cubos de várias cores e funções.

Felizmente ou infelizmente, todos os videojogos acabam naturalmente por perder o seu apelo inicial, e com o passar do tempo fui-me esquecendo dele e concentrando-me noutros títulos.

De alguma forma, sem realmente me aperceber, o Minecraft que eu conhecia transformou-se completamente e foi recentemente que fiquei chocado ao saber que há crianças de tenríssima idade já a destruir cubos neste mesmíssimo videojogo. Como se um relâmpago me tivesse acertado, descobri quase sem querer que já existem escolas, mesmo cá em Portugal, que ensinam crianças e jovens a programar usando Minecraft. E ainda mais aterrador do que isto é o facto de esta tendência de infantes a jogar o mesmo que eu já não ser nova. Aparentemente, há já muito tempo que o Minecraft é considerado um videojogo de crianças.

Quanto mais reflicto neste assunto mais me convenço de que se calhar já me deveria ter apercebido disto há mais tempo. Os sinais andavam por aí. Lembro-me, por exemplo, de ouvir falar de quererem fazer um filme sobre o Minecraft. É facilmente induzível que o público-alvo de um filme desses não é o adulto, mas sim uma faixa etária mais jovem.

Dito isto, não tenho escolha senão em passar o testemunho para os pequenos. Já não consigo jogar Minecraft sabendo que já não é... correcto fazê-lo. Analogamente, é a mesma razão pela qual já não brinco com Legos. Há certas coisas com as quais só é aceitável brincar na companhia de um membro de uma ou duas gerações seguintes.

Será a última vez que jogarei Minecraft? Sinceramente, talvez não. Talvez jogue com um familiar mais pequenote, não sei.

Mas foi o MEU último jogo.