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Nº 9 - Agosto 2017

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Mas, e porque há sempre um mas, também conheço quem tenha uma justificação plausível para prosseguir uma leitura, mesmo quando o tédio faz com que os olhos se queiram fechar e o bocejo seja inevitável. O gosto em aprender coisas novas pode fazer com que, mesmo num livro tortuoso, se encontre um propósito de continuar. Talvez seja excesso de optimismo (se tal coisa existir) sentir que qualquer livro tem sempre um motivo para ser lido, que ir até ao fim terá a sua recompensa pelas coisas que se aprendem pelo caminho. Ou então será uma teimosia disfarçada de um propósito ou, quem sabe, um vício a que se dá um nome bonito.

Bom, mas antes que quem não me conhece tire conclusões precipitadas e assuma que à primeira dificuldade eu jogo o livro fora, esclareço que gosto de livros difíceis e admiro a complexidade. E não é nesses casos (a não ser que se trate de um livro mal escrito) que desisto. Após tantas milhas de leitura é normal que os níveis de exigência se apurem e, quanto a mim, torna-se inevitável não desistir de um livro que não traga algo novo. Um livro tem de ser, acima de tudo, uma boa companhia, tem de apetecer passar a noite com ele e levá-lo para todo o lado. Sim, acontece-me por vezes precisar de parar, o que não significa que não o termine. Pode ser preciso respirar, assentar ideias, ou simplesmente variar. Nessas alturas exerço o meu outro direito preferido: o direito de saltar de livro em livro. Mas isso talvez fique para outro texto.

Leiam livros que vos façam felizes.