Inominável - Ano 2 Inominável Nº9 | Page 20

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Há quem diga que a vitória se deveu à simplicidade e beleza da letra da Luísa, ou à simplicidade e interpretação única e sentida do Salvador. Há quem atribua essa vitória ao mistério em volta da figura do Salvador e até à sua situação clínica e saúde debilitada, que terá gerado uma onda de simpatia e solidariedade para com o artista.

Qualquer que tenha sido o motivo, levou a que o Salvador e a restante delegação portuguesa fossem recebidos em apoteose no aeroporto de Lisboa. Levou a diversas conferências de imprensa, e até a momentos nunca antes vistos na Assembleia da República.

Hoje, Salvador Sobral é visto, embora recuse esse rótulo, como um herói nacional. Quer queira quer não, todos querem vê-lo, ouvi-lo, aplaudi-lo, saudá-lo, privar com ele. Os concertos agendados depressa esgotaram.

Por muito que queira apenas seguir normalmente com a sua vida, sem grande alarido à sua volta, ainda vai demorar algum tempo até o conseguir.

O que será do Salvador daqui a uns meses, ou mesmo anos, ninguém sabe. Talvez os portugueses acabem por “esquecer” este momento histórico e voltem a sua atenção para outros acontecimentos. Talvez a música que lhe trouxe a fama passe de moda e o público prefira voltar a consumir a apelidada “música de plástico”, sem grande conteúdo. Talvez o Salvador saia de cena tão discretamente como entrou. Ou, talvez, crie uma nova tendência e veja a sua carreira consolidada.

Numa entrevista que o Salvador concedeu ao Fantastic, em 2016, quando ainda ninguém sabia quem ele era, quando lhe perguntaram “Daqui a muitos anos, como gostarias de ser recordado pelo público?”, Salvador respondeu: “Como uma pessoa que trouxe algo de bom e de fresco à música em Portugal.”

Por mais incertezas que tenhamos quanto ao futuro do Salvador Sobral, uma coisa é certa:o que desejou nessa altura, já o conseguiu!