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O Tabu
Considero que nasci numa época que me permitiu viver em todo o seu esplendor a era dourada da indústria dos videojogos. Esta afirmação, aparente e incompreensivelmente condescendente, não deverá ser chocante para nenhum humano normal, pois todos nós pensamos que nascemos para apreciar a era dourada de alguma coisa e para posteriormente nos relembrarmos melancolicamente dos bons velhos tempos. Para alguns é a música, para outros o futebol, para outros os programas de culinária da televisão. É evidente que nesse aspecto, ninguém está certo nem errado.
Contra mim falo, portanto.
Concordemos que é tudo subjectivo e prossigamos.
Para mim, essa mítica era dourada dos videojogos foram os anos 2000, quando a indústria estava a tornar-se cada vez mais profissional e organizada. Algumas das maiores obras-primas foram lançadas neste intervalo de tempo, as quais assentaram degraus importantíssimos nos quais os videojogos de hoje ainda se baseiam na sua subida para o sucesso.
Alto.
Como vedes, poderia continuar a deambular à volta deste assunto durante mais umas páginas. Poderia agora metralhar-vos com imensos exemplos de videojogos específicos e o quão relevantes eu acho que eles são/foram para a indústria em geral.
Mas não o farei. Por uma razão muito simples:
Este assunto simplesmente não vos interessa.
Calma, permiti explicar-me. Não estou a dizer que os videojogos não interessam a ninguém (aliás, seria bastante errado dizê-lo, creio eu). Gostaria de fazer notar que EU é que acho que não interessam a ninguém, o que é uma diferença semântica considerável. De certa forma, falar de videojogos ainda é um tabu, comparativamente falando. Para exemplificar, considerem-se num almoço entre amigos ou colegas.
Pode-se falar de todo o tipo de passatempos e ninguém realmente julgará o orador. Fale-se de cinema ou música ou desporto e ninguém estranhará a conversa. Agora imaginem o cenário de alguém perguntar:
por Rei Bacalhau