Inominável Ano 2 Inominável Nº5 | Page 8

Embalada nesta melodia de voz doce lá fui eu iniciar a escalada de 158 metros ao Tor (que significa monte em linguagem celta), outro marco importante da localidade. Foi uma escalada maravilhosa, a respirar um ar frio mas puro, saboreando a paisagem que cada vez mais se estendia aos nossos olhos, cruzando-nos com os animais pelo caminho que pastavam tranquilamente, alheios a todo este encanto pela história que os rodeava.

Chegados ao topo foi de tirar o fôlego, não pelos passos que demos, mas pelo encanto das paredes seculares e imponentes da igreja de Saint Michael, indiferentes à erosão do vento que nos abraçava por todos os lados e parecia sussurrar pelos fios do meu cabelo despenteado. Talvez sussurrasse as lendas do local, uma vez que este está relacionado com o Holy Grail, supostamente levado por José de Arimateia após a crucificação de Jesus Cristo, rumo à Ilha de Avalon, ou seja, Glastonbury, enterrando a sagrada taça no sopé do Tor. Ou talvez sussurrassem os espíritos que povoam o local, talvez os mesmos que provocam os fenómenos de luz já registados nos anos oitenta e noventa...

A paisagem estendia-se em frente aos nossos olhos, num mar de verdes prados a perder de vista, e podíamos ver Avalon na nossa imaginação. Nesta paisagem existem sete círculos que circundam a colina, em perfeita simetria, não se sabendo se foram feitas por mão humana, tendo sido datados desde a época do neolítico. Muitos acreditam que estes círculos referem- se a algum ritual ou diagrama relacionado com a magia. Certo é que podemos sentir a energia do local, seja ou não verdade que é o ponto de encontro dos mortos, onde irão passar para um outro nível de existência. Quero voltar a subir o Tor, de preferência num dia de brumas, para me imbuir mais do espirito da lenda e renovar as minhas energias!

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