Inominável - Ano 2 Inominável Nº10 | Page 69

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mim: a de uma experiência de vida jamais imaginada, descobrindo assim que se pode ter tantas saudades de quem nunca se chegou a conhecer... e que a dor pode fortalecer o amor já existente.

Mas a vida segue o seu curso, e a Primavera chegou com as suas cores e promessas. E oportunidades também! Talvez as terras de Rei Artur tenham finalmente cumprido a sua missão... ou talvez sejamos apenas seres humanos com as suas inquietações e a busca incessante de terras mais promissoras. Mas a verdade é que a oportunidade que veio bater à porta nos chama para longe daqui: Açores, São Miguel, terras estas de bruma e natureza, quase um Portugal estrangeiro, em alguns costumes e jeito cantado de falar. Não conheço a ilha, mas o meu companheiro sim, pois na qualidade de mestre florestal trabalhou e viveu lá vários anos. Pesados os prós e os contras (estes muito poucos) o voto familiar foi unânime e decidimos arriscar, porque a vida é só uma (pelo menos de que a gente se lembre), e não nos podemos contentar com o que não nos faz feliz.

Foi com o coração cheio de esperança que decidimos os três começar uma nova fase no Outono por vir! Talvez (de certeza!) muitos pensem que somos loucos, demasiado aventureiros, mas na verdade a Vida não foi concebida a preto e branco, e a magia dela reside precisamente nas suas várias cores e nuances. E mesmo estas não são vistas por todos da mesma forma! Já há muito aprendi que cada um de nós tem de encontrar a sua cor e o seu tom, e que este não tem de ser igual ao de ninguém, e nenhum tem que ser o certo... se o mundo fosse feito apenas de cores neutras isto era um aborrecimento de morte! Assim, inclinámo-nos para os tons predominantemente azuis e verdes, e quando estiverem a ler-me já estarei instalada naquele que será o meu novo lar, pois foi onde o coração me levou desta vez. Mas será também uma nova experiência, como o foi a vinda para Inglaterra, e sobre ela falarei por aqui como habitualmente. Entretanto partilho com vocês este vídeo que encontrei entre as muitas pesquisas sobre a nova vida. É artístico, e tem uma visão bonita e justa da ilha (palavras de quem conhece os cantos ao sítio). Quando eu puser os pés nestes locais que aqui vemos documentarei com fotos!

Naturalmente, levo comigo imensas recordações na bagagem, algumas tristes mas maioritariamente felizes: este país marcou-nos para sempre e determinou o curso dos nossos destinos. Tal como eu, mais pessoas regressaram já, ou regressarão. Uma delas é a amiga que me acolheu inicialmente em Liverpool (segunda edição da revista), e que regressa a Portugal continental com alguns objectivos realizados em terras de sua Majestade e esperança renovada na sua nova vida no país de origem. Nenhuma de nós chegou a criar raízes: foi talvez preciso vir para cá para certas coisas da nossa vida se cumprirem, e para nos apercebemos de que não é este o lugar que nos possa completar ou fazer feliz. Mas ficam as memórias preciosas de sítios a revisitar e de amigos e família a rever, que vivem aqui e aqui se sentem em casa. Fecha-se um ciclo, começa um novo por terras de... bem, ainda vou ter de pensar nisso! Desejo a todos novos ciclos também, e experiências de todas as cores!

Até breve!

Nº 10 - Outubro 2017