Informativo ABECO Informativo No 14 (jan-abr 2019) | Page 8

INFORMATIVO ABECO | Edição Nº 14 teste de metodologias em fenologia, uma questão que se tornara preocupação central em nosso grupo de pesquisa. Mas ainda assim queria um projeto de longa duração em vegetação nativa e que permitisse a quantificação das respostas fenológicas. Assim, junto com estudantes de pós- graduação e graduação, em 2004 iniciamos o Projeto Cerrado, que segue como projeto unificador do grupo até hoje, quando completará 15 anos de coletas! Assim, depois da floresta sazonal semidecídua e da floresta atlântica e vegetações associadas, começo a estudar o cerrado e a floresta amazônica. Mais desafios que agora incluem um estudo detalhado e quantificado, da fenologia no cerrado e mata atlântica, dos efeitos de borda natural e microclima na fenologia de comunidades e populações, de entender a fenologia na era das filogenias e de famílias importantes como Myrtaceae e Arecaceae. Especialmente, o desafio de como detectar tendências e mudanças nas séries tropicais longas da Amazônia. Nesse período também participei do Painel Internacional para Mudanças do Clima (IPCC) cujo relatório recebeu o prêmio Nobel da paz em 2007. Ainda nessa época coordenei o programa de Pós- 8 Graduação em Biologia Vegetal, do I.B., UNESP, Rio Claro, e participei de atividades de ensino de ecologia para as crianças dos primeiros anos do ensino fundamental, outra atividade marcante e muito gratificante. Bom, pode parecer que nessa altura já não havia muitos desafios a serem vencidos. Entretanto, a participação em projetos internacionais e uma antiga paixão, os campos rupestres, e meus incríveis alunos e colaboradores me levaram a propor projetos que deram uma nova guinada na carreira em pesquisa. Começava o uso de câmeras digitais para o monitoramento em fenologia e então propusemos um projeto de monitoramento fenológico em câmeras digitais (fenocâmeras), chamado monitoramento remoto próximo, do cerrado. A aplicação dessa nova tecnologia foi apoiada pela FAPESP e Microsoft Research Virtual Institute. Começava assim uma nova fase da pesquisa em fenologia utilizando novas tecnologias em parceria com pesquisadores do Instituto de Computação da Unicamp liderados pelo Dr Ricardo Torres. O projeto, iniciado em 2011, foi bem- sucedido e em dois anos comprovamos a eficiência das câmeras para o monitoramento de fenologia nos trópicos e fomos incentivados a continuar essa linha de pesquisa. Mas sempre precisamos de mais desafios e o projeto e- phenology foi então ampliado para propor uma rede de câmeras de fenologia por todo o Brasil, divulgar essa tecnologia e associar novas técnicas de monitoramento remoto temporal. O projeto de longa duração aprovado, financiado pelas mesmas agências, inicia em 2014 essa nova fase das pesquisas, que incorpora os drones ou veículos aéreos não tripulados, no monitoramento temporal da vegetação em escala espacial mais ampla. Assim, trouxemos a pesquisa fenológica para a fronteira do conhecimento, desenvolvendo um dos primeiros monitoramentos temporais com drones nos trópicos e trabalhando em diversas escalas, numa investigação da relação espaço – temporal na ecologia. Também exploramos o uso de novos sensores, não apenas os digitais, mas também multiespectrais e hiperespectrais. A rede fenológica e-phenology hoje tem mais de 30 câmeras e temos parceiros na Caatinga, outra vegetação fascinante, e mata seca. Os estudos integrando fenocâmeras e drones foram desenvolvidos nos campos