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INFORMATIVO ABECO | Edição Nº 14
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PERFIL DA ECÓLOGA
Pesquisa, ensino e os desafios de inovar
por Patrícia Morellato
Professora Titular da Universidade Estadual São Paulo – UNESP Rio Claro
Sempre gostei de estar na
natureza, de preferência
pedalando ou nadando, e aos
14 anos já sabia “o que queria
ser quando crescer”: bióloga
e pesquisadora. Nessa época,
meu irmão mais velho
Cláudio,
que
fazia
engenharia na USP, me levou
para conhecer o prédio do
Instituto de Biociências e o
sobre as ondas, agora parte
do herbário da USP. Três
anos depois, em 1979, eu era
caloura da USP em Ciências
Biológicas e assim começava
a minha caminhada pela
ecologia.
De quem estava certa que
estudaria
zoologia
ou
biologia marinha, logo no
primeiro ano me encantei
pela botânica ao passar pelas
aulas das professoras Nanuza
e Ana Giulliete, e depois de
ficar fascinada pela genética
e
evolução,
decidi
definitivamente
pela
ecologia de plantas após as
aulas do Professor Leo
Coutinho na disciplina de
ecologia vegetal. Após me
graduar
em
Ciências
Biológicas pela Universidade
de São Paulo em 1982, para
poder
compatibilizar
a
pesquisa em ecologia com a
evolução fui para a Unicamp.
Consegui uma bolsa de
aperfeiçoamento científico
com aquele que seria meu
orientador até o doutorado, o
Dr. Hermógenes de Freitas
Leitão Filho. Ingressei no
mestrado em 1984 e no
doutorado em 1987, ambos
na
pós-graduação
em
Ecologia na Unicamp. Os
professores, colegas, as
disciplinas, especialmente de
campo, e o ambiente rico em
discussões e ideias deram
uma fundamentação sólida
em ecologia e evolução para
essa iniciante. O período na
Unicamp foi marcado por
viagens de coleta e cursos de
campo que proporcionaram
conhecer
muitos
ecossistemas
brasileiros,
como a Amazônia, o campo
rupestre, os cerrados e o
pantanal. Também foram
muitas as oportunidades
oferecidas que marcaram
minha carreira e alguns
desses passos compartilho
com os leitores.
Desde
meu
aperfeiçoamento,
tenho
trabalhado
no
tópico
sugerido
pelo
meu
orientador – a fenologia de
plantas. A Fenologia, que
estuda eventos recorrentes
no ciclo de vida de plantas e
animais, e sua relação com o
ambiente, história evolutiva
e interações, até hoje define
a linha mestra de minhas
pesquisas. Um acaso e uma
sorte, pois eu poderia ter
declinado da oferta ou
deixado essa área de
pesquisa única e sem muitos
pesquisadores no Brasil
naquela época. Hoje a
fenologia é uma das