Informativo ABECO Informativo No 10 (set-dez 2017) | Page 8

Informativo da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação Número 10 – Outubro a Dezembro de 2017 OPINIÃO ( con(nuação ) Parece um prazo muito curto para um feito tão grandioso, mas se considerarmos que há 13 anos atrás, em 2004, não exis?a Facebook, Youtube, a taxa de desmatamento da Amazônia era a maior da história, a an?ga área de Ecologia e Meio Ambiente na Capes ?nha apenas 25 cursos, e nem sonhávamos em acordos como os de Nagoya, Paris ou os próprios ODS, eu nunca duvido da capacidade do ser humano em virar o jogo. E dessa vez, o prazo é pra valer. Os limites impostos pelas mudanças climá?cas e pela crise da biodiversidade definem o tamanho da urgência em evitar um planeta ditcil de se habitar já em 2050, se não começarmos agora a construir esse novo futuro. Ao longo desses 13 anos, como cien?stas e cidadãos, seguiremos navegando na fluidez dos tempos pós-normais, ou seja, “um período de contradição, caos e complexidade”, no qual “os fatos são incertos, os valores estão em disputa, os interesses são enormes e as decisões urgentes”. Quem sabe não aproveitamos a crise atual e refle?mos sobre algumas seguintes questões: 1) eu compar?lho dessa nova utopia do mundo sustentável?; 2) minha ciência e minha a?tude como cidadão contribuem para a construção desse futuro?; 3) a “ciência normal” será capaz de lidar com os desafios impostos pelos tempos pós-normais? Sei o quanto é ditcil se perguntar sobre isso com salários atrasados, sem bolsas, com financiamentos cortados. Mas talvez seja justamente por esses problemas graves estarem se dando que precisamos encontrar esse tempo, na nossa ro?na, e em seguida par?r para a ação. Outra boa noZcia: a crise não é externa a nós, somos parte dela. Em sendo parte, temos como ajudar na condução à nova normal, à nova fase, dissipar a crise, quem sabe com uma bonança mais duradoura e verdadeira: sustentável (o que quer de bom que essa palavra signifique). E aí vem mais uma noZcia boa: o Brasil não está só nessa crise. A crise é global e, portanto, a crise na ciência também é global. E, de novo, não é uma crise só financeira. Talvez o financeiro seja o menor dos problemas. A crise na ciência envolve uma dificuldade em reprodu?bilidade, em governança, no seu uso para tomada de decisões, no seu diálogo com a sociedade. Não vamos sair da crise na ciência recorrendo aos mesmo expedientes que nos trouxeram até a crise atual. Temos que reconhecer erros, ignorâncias, fracassos e caminhar do “mundo dos problemas” para o “mundo das soluções”. Com a crise, agora temos tempo para essa autoanálise. Mas tempo não basta. Precisaremos também de humildade, paciência e uma visão de futuro. Úl(ma noZcia boa do dia: nada como ser parte de uma a?va sociedade cienDfica! Assim como o Brasil não está só na crise, você também não está. A ABECO nos reúne, não só como cien?stas, mas também como cidadãos. Suas reuniões cienDficas, periódico, e também esse informa?vo falam de ciência, mas também falam de problemas, soluções e caminhos. É nesse encontro que temos a possibilidade de juntos, construirmos esse novo futuro pós-crise.