In Focus: Em sua opinião por que a sociedade confunde, constantemente, feminismo com feminazi?
Fernanda Huguenin: Eu acho que é em virtude do próprio preconceito. Da própria misoginia que existe em torno da mulher, ou seja, uma vez que a mulher tem a voz ou exija voz, ter voz, ela é comparada ao terrorismo, é comparada ao radicalismo, ao fascismo, então, é mais uma expressão da misoginia da sociedade, ou seja, da aversão ao feminino, no sentido de desqualificar o movimento feminista ou os movimentos feministas. É mais uma tentativa de desqualificação, no meu ponto de vista.
IF: Historicamente, qual pode ter sido a grande motivação masculina para a subjugação da mulher?
FH: Olha, tem um livro bastante interessante de um filósofo chamado Friedrich Engels que parte da seguinte tese: constituiu-se a propriedade privada no momento em que não existia teste de DNA (DNA é bastante recente) então o homem tinha que garantir que aquilo que era dele, que era sua propriedade, fosse transmitido à um filho legítimo e não a um filho ilegítimo. Então como ele iria fazer isso se não existia teste de DNA? Nem se sabia da existência do DNA. Então ele oprime a mulher, controla a mulher, para garantir que aqueles filhos são de fatos filhos seus. Bom, essa é a tese do livro do Engels, A Origem da Família e da Propriedade Privada. Eu acho que é uma explicação bastante razoável se a gente for considerar essa articulação
O FEMINISMO E A SOCIEDADE
A In Focus entrevistou Fernanda Huguenin, professora do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna. Ela é graduada em Ciências Sociais pela UENF, tem mestrado em Políticas Sociais e doutorado em Antropologia Social pela UnB. Nesta entrevista ela nos contou um pouco mais sobre a desigualdade de gênero.
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