Já parou para cheirar o tempo hoje? Achou estranho? Pois saiba que é assim que seu cão consegue perceber a passagem das horas. É o que diz a pesquisadora Alexandra Horowitz, autora de livros como “A Cabeça do Cachorro”, em que tenta nos explicar como pensam nossos amigos de quatro patas.
Afinal, quem não ama quando chega em casa depois de um longo dia fora, e é recebido com muita alegria, lambidas e um rabinho abanando eufórico? Mas o que muitos já devem ter notado é que a festa que seu cãozinho faz é a mesma, ainda que você só tenha ficado fora por alguns minutos. Será que ele não entende a diferença de tempo?
Alexandra, que também é professora em Nova Iorque, explica que isso ocorre, em boa parte, devido ao incrível olfato canino, uma das principais maneiras como os peludos se relacionam com o mundo ao seu redor. Enquanto nós, humanos, interagimos com o ambiente utilizando principalmente a visão, os cães usam seus narizes avantajados para capturarem aromas que não conseguimos detectar, e assim conseguem perceber o que está acontecendo pelo cheiro no ar. Por isso há tantos cães farejadores profissionais, especialistas em encontrar drogas, pessoas, ou mesmo em detectar doenças.
E como eles conseguem perceber o tempo com o nariz? Assim como nós conseguimos ter uma noção das horas pela luz do sol que bate diferente pela janela em cada período do dia, os cães conseguem sentir as mudanças de odores com o movimento do ar em um local, conforme o tempo passa.
“Os odores em um cômodo mudam conforme o dia passa. O ar quente sobe, e geralmente sobe em correntes pelas paredes, até o teto, e daí para o centro do cômodo, onde desce. Se pudéssemos ver o movimento do ar ao longo do dia, o que veríamos, na realidade, seria o movimento dos odores ao longo do dia”, explicou a pesquisadora em entrevista à Fresh Air.
Indo além do movimento do ar, os cães também conseguiriam perceber a concentração de um odor e relacioná-lo ao tempo: cheiros muito fortes provavelmente são recentes, enquanto cheiros fracos indicariam um evento passado, de algo que esteve por ali, mas já se foi. Dessa forma, os cães são capazes de cheirar até o futuro, em uma brisa que vira a esquina e vem chegando. Não é que sejam videntes ou supercachorros: passado, presente e futuro têm, de fato, cheiro. Nós é que não conseguimos detectar as nuances dos odores do tempo com nosso singelo aparato respiratório. Ponto para os cães!
Veja aqui a entrevista completa na revista Fresh Air.