“A Rua é Nóiz” torna cristalino que os direitos devem ser construídos diariamente com a contribuição de todos nós. A construção de um sociedade mais justa, igual e fraterna depende de pequenas atitudes, as quais muitas vezes assumem proporções muito maiores do que as esperadas.
Dessa forma, o documentário desloca os holofotes para a dinamicidade da luta política dos direitos e suas respectivas concretizações e revela todo o potencial revolucionário e transformador que possuímos, transferindo para todos nós a responsabilidade de contribuir para evolução pessoal e coletiva do próximo.
Podemos e devemos fazer mais, já que dependemos e precisamos uns dos outros. Afinal, como diz o rapper Emicida, “eu e você juntos somos nós, nós que ninguém desata”.
A rua é nóis!
A construção linear apresentada comumente como a história dos processos de conquista de direitos, em que pese possua grande valor didático e acadêmico, acaba por distanciar a população da luta e resistência necessária para a manutenção de tudo aquilo que é mais básico para todos. A falta de reconhecimento do povo para com toda esta construção faz com que muitas vezes, nós lutemos contra os nossos próprios direitos e fortalecendo nossos algozes.
Além disso, não raras vezes, percebemos o problema da falta de observância dos direitos fundamentais como um problema exclusivamente dos poderes estatais ou tema de interesse tão somente de Organizações Não Governamentais, ou assemelhados.
Contudo, é nesse ponto que o documentário objeto de discussão no evento se destaca e assume proeminência na discussão, pois, se valendo do peculiar esplendor da sétima arte,
“As pessoas são como as palavras, só tem sentido se junto das outras”. É assim que ensina a trilha sonora composta pelo rapper Emicida do documentário “A Rua é Nóiz”, objeto de discussão e análise do evento. E, com toda certeza, também é isso que evidencia o referido filme.
Nesse sentido, tanto pela letra da música, tanto pelo projeto apresentado pela cinematografia, temos a concretização e o incentivo de visualizar a luta por uma sociedade mais justa e concretização dos Direitos Humanos de forma distinta do que tradicionalmente tem sido apresentado, seja pelos órgãos de informação de massa, seja pela tradicional e eurocêntrica história dos Direitos Humanos.
Cinedebate
"A rua é nóiz"
“As pessoas são como as palavras, só tem sentido se junto das outras”
Texto de: José Mario Brem da Silva Junior