História na Imagem - Modernismo no Brasil Modernismo no Brasil | Page 21

Em suas primeiras obras, Di Calcanti utiliza tons pastel e retrata personagens mergulhados na penumbra, o que leva Mário de Andrade, escritos que também participou da Semana de 22, a chamá-lo de “mestre dos tons velados”.

A obra Retrato de Moça é uma das primeiras do artista, sendo que foi exposta em sua primeira mostra individual e também na Semana de Arte Moderna de 22.

Essa pintura revela um olhar inquieto do pintor no início da década de 1920, quando a questão modernista avançava rapidamente entre os artistas atuantes. Aqui destaca-se principalmente o modo como o artista constrói o olhar da figura: a forte luminosidade no rosto em contraste com o fundo escuro traz uma característica quase espectral à moça.

O desenho do rosto da jovem é modelado de maneira proporcional, com suas feições se confundindo e se fundindo, sendo que sua única forma claramente definida é o contorno da boca pintado de vermelho.

A moça usa roupa escura e tem um cabelo preto que emoldura o rosto e que se confundem com o fundo da pintura.

Di Cavacanti fala em seu livro de memórias sobre sua obra: “meu modernismo coloria-se com o anarquismo cultural brasileiro e, se ainda claudicava, possuía o dom de nascer com os erros, a inexperiência e o lirismo brasileiros”

“A nossa arte tem de ser como a nossa comida. O nosso ar, o nosso mar. Tem de ser reveladora de nossa cultura, pois a boa arte é sempre cultural e sua dimensão própria é a de antecipar um movimento cultural. O artista verdadeiro torna-se moderno para sua época: ele traz o novo, é arauto de uma nova era”.

21