ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DE SAÚDE E APOIO SOCIAL
Portugal , 2021 . Infeções por SARS-Cov2 - ora sobem , ora descem . O mundo teme os efeitos da pandemia a curto , médio e a longo prazo . As soluções encontradas , até agora , para combater este inimigo , invisível aos nossos olhos , agradam a uns e causam receio e apreensão noutros . E , assim vamos sobrevivendo entre as palavras que acrescentámos ao nosso vocabulário - confina , desconfina .
Mas e as outras doenças ? As outras infeções ? Aquelas que vão para além de lavar as mãos , para além da distância social e para lá do confinamento ?
Esta semana escutei , apreensiva , as palavras de um médico , na comunicação social , que alertava para o atraso nos exames que permitem diagnosticar e tratar atempadamente o cancro do fígado , uma das patologias no Top 10 a nível de mortalidade em Portugal . Apenas um exemplo de tantas doenças que estão a ficar “ para trás ” e muitas delas são uma autêntica corrida contra o tempo . Tempo esse que pode ditar a vida ou a morte .
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Não é novidade que estamos perante algo que não |
conhecemos nem sabemos os efeitos , mas , visto por outro prisma , estamos a negligenciar outras tantas coisas que sabemos que existem e que podem ter efeitos igualmente devastadores .
As infeções sexualmente transmissíveis ( IST ) continuam a ser uma realidade , o HIV não acabou , nem o HPV , nem a hepatite B , nem o herpes genital ; entre outras infeções transmitidas pelo contacto sexual sem a devida segurança . Em 2016 , segundo a OMS , os números de novas IST passaram os 376 milhões de casos , ou seja , mais de um milhão por dia . Tal como noutras doenças , provocadas por vírus , quanto mais rápido o diagnóstico , menos sequelas deixam . Aqui começa o problema . Com a atual pandemia , grande parte da testagem foi suspensa . Ou seja , se antes , mesmo com muitos testes rápidos para despiste e encaminhamento dos “ novos doentes ” para consultas de especialidade , onde eram medicados , acompanhados e em alguns casos tratados ; noutros , não havendo cura , transformavam-se em doenças crónicas , sem grande perturbação na vida do doente .
Foi por este motivo que aceitei o convite para ser madrinha de uma nova associação - a AHSEAS - Associação Humanitária de Saúde e Apoio Social . Esta jovem associação foi criada em março deste ano , sediada no concelho
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de Sintra , e está a elaborar um projeto bastante interessante no combate às IST ’ s . Tanto no rastreio e diagnóstico de novas infeções , como no acompanhamento dos doentes durante os tratamentos ou nas patologias crónicas . Há um grande número de infetados que não domina a língua , que não consegue “ navegar ” dentro do hospital sem ajuda , que necessita de esclarecimentos após as consultas e até mesmo na administração da medicação , para que esta seja seguida sem interrupções , a fim de alcançar bons resultados . Também irá prestar ajuda aos mais velhos e vulneráveis que , com o isolamento forçado , ficaram ainda mais sozinhos . Num mundo tecnológico , ficaram " obsoletos " e não podem nem devem ser esquecidos . É urgente cuidar de quem precisa de nós , é urgente olhar à nossa volta e vermos o que precisa de ser feito pois , só assim , conseguiremos minimizar os efeitos da pandemia na saúde e principalmente na sociedade .
Karla Militão
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