Hatari! Revista de Cinema #05 Ficção Científica | Page 50

50 técnicos e confusos, que em certa medida acabam por se tornar maçantes, mesmo com essas viradas de tom. Pode-se dizer, de certa maneira, que a equação que Shane Carruth propõe em Primer se resolve ao final dos 73 minutos de duração do filme, o que parece ser muito mais devido à complexidade da matemática, que parece básica quando revela se tratar de uma viagem temporal, mas a qual começa a ganhar mais dificuldade quando se propõem outras contas nessa fórmula. Ainda assim, parece ser muito segura do que quer e do re- sultado ao qual vai chegar: que no fim das contas certas descobertas nem sempre vêm para o bem, e que com o poder sempre vem junto no pacote a ganância. E é em cima dessas premissas que a divisão que Aaron sofre no filme se coloca como um resultado final da equação, que tem três res- postas diferentes, já que cada Aaron e Abe irão seguir um rumo próprio, quase como que se cada um fosse uma personalidade da mesma pessoa. Se nesse primeiro filme a base científica é de certa maneira matemática, no segundo ele já parte para as ciências biológicas, pois afi- nal, se o nome do gênero se dá por ficção CIENTÍFICA, ele pode englo- bar qualquer área da ciência, certo? Não sei, e nem vou tentar definir isso, que não é o caso aqui, mas fica a questão. Em Cores do Destino (2013), o único fato que se repete é a aven- tura que Shane faz novamente como diretor, ator, roteirista, produtor e compositor. Nota-se uma evolução do diretor na linguagem, com muito mais cortes, planos próximos, closes e detalhes. Ele parece estar mais à vontade com o fazer fílmico e busca maior exploração, a qual também se dá no som com auxílio do vilão do filme que em vários momentos está capturando sons pelos locais que passa (tanto que esse é um meio que ele utiliza para “encantar” seus alvos). Esses sons se misturam na trilha, algo muito destacado e melhor trabalhado nesse filme. O elenco novamente é enxuto, com três personagens principais. Além de Shane, participam do filme Amy Seimetz, interesse romântico/biológico, e o “vilão” do filme Andrew Sensenig. Se Shane diversifica a sua linguagem fílm