O papel de tal governo se desenvolveu na Europa. Foi assumido no contexto da Guerra Fria e da ameaça do denominado
“bloco socialista dos países do leste”, pela aplicação das teses de
Keynes sobre a intervenção do governo na economia, por meio
do gasto público, e as propostas de Beveridge sobre a ampliação
da cobertura da seguridade social para todos os cidadãos.
Os desafios do desenvolvimento econômico e as necessidades sociais ou de bem-estar tornaram-se matéria de intervenção governamental e os cidadãos se voltaram para todos os
níveis de governo, na busca da satisfação de suas demandas e
reivindicações sociais.
Neste paradigma, encontramos duas etapas definidas pelo
modo de governar que prevaleceu em cada período: o burocrático e o gerencial.
A etapa burocrática
O modo burocrático, próprio do governo racional-legal, foi
o que se aplicou ao novo paradigma administrativo a partir dos
anos 50, e que se tornou hegemônico até os anos 80. Ele foi
aplicado com os mesmos valores e com a proteção jurídica dos
funcionários públicos, porém agora já não era somente gerenciar algumas poucas prestações e serviços ligados às funções de
regulação, mas também a prestação de serviços orientados à
satisfação de necessidades sociais, que estavam se convertendo
na função principal e prioritária dos governos.
Os políticos e profissionais da gestão pública não entenderam que se encontravam ante um novo paradigma governamental, ou seja, ante uma reestruturação da organização e
funções do governo, e agiram como se fosse tão somente uma
ampliação da sua atividade. Não tiveram a consciência de que
era preciso governar de um modo diferente.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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