que não “satisfazem” a ninguém, e que em uma época de
poucos recursos deslegitimam a política eleitoral. O crescimento
pelo crescimento, como assinala Capra, é crescimento cancerígeno (também em termos de propostas eleitorais), que mata a
própria classe política, e com ela, a democracia.3
Uma analogia com o esporte pode servir para ilustrar.
A liderança capacitadora é o jogador que arma o jogo de sua
equipe para que todos os jogadores obtenham o máximo rendimento de si mesmos. Ao contrário, o dominador é aquele
jogador que toda a equipe joga para ele, para que seja decisivo.
Por isto, a liderança dominadora crê que os membros da sua
equipe têm pouco valor e necessita que todos se ponham a seu
serviço, ainda que seja para o fim coletivo de vencer.
Frequentemente se entendeu a liderança como aquela situação na qual uma pessoa tem a capacidade de expressar as
necessidades e sentimentos da coletividade, fazer propostas,
desenhar o futuro da coletividade e assumir todo o risco da sua
realização, fazendo com que, deste modo, a cidadania siga
confiando nela.
É a figura do líder “caudilhista”. Em situações de crise aguda,
esta liderança pode ser possível, porém em absoluto é desejável, por suas conotações autoritárias, e porque implica uma
situação de desorganização social ou comunitária. Por outra
parte, em uma sociedade que avança na era das redes e do
conhecimento, este tipo de liderança é de todo inadequado,
produz graves fraturas no sistema de relações sociais e dificulta
a constituição de redes. O líder representativo também necessita expressar os desafios, emoções e sentimentos da cidade,
porém o faz a partir da consulta, isto é, da construção coletiva.
Entenda-se bem. Em outras palavras, na busca do diálogo, da
consulta, da participação, sem deixar de dispor de ideias e de
gerar emoções e sentimentos.
3 CAPRA, F. La trama de la vida. Barcelona: Anagrama, 1998.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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