como observou A. Touraine,3 nenhum outro lugar fora do
próprio indivíduo em que seja possível conjugar estratégias
econômicas e identidades culturais. Um novo direito específico emerge em nossas sociedades caracterizadas pela globalização econômica e pelo encontro de culturas, o direito à individualização, que segundo o citado sociólogo tem que
fortalecer a capacidade de cada ator individual ou coletivo
alcançar a individualização, isto é, dar um sentido geral e
próprio ao conjunto de condições das interações e comportamentos que formam sua existência e, portanto, a transformam
em uma experiência.
Neste sentido, as sociedades contemporâneas, ao se basearem mais nos indivíduos do que nas grandes organizações
(igrejas, sindicatos, partidos...) e grupos sociais (classes, cooperativas profissionais, grupos com status social elevado...), facilitam as relações horizontais entre a cidadania e, com isso, a
criação de capital social.
Por capital social se entende “as expectativas de cooperação
alimentadas por redes institucionais – as associações – que se
materializam em pautas de cooperação continuadas”.4
A geração de capital social, segundo o estudo de Putnam,5
é o que explica o maior avanço econômico e social e a qualidade da vida política democrática. A vantagem colaborativa é
uma das principais forças motoras do desenvolvimento social,
econômico e político, com um valor superior à disponibilidade
de capital econômico e à oferta de infraestruturas e serviços.
Gerar capital social nas cidades do conhecimento significa,
hoje, em primeiro lugar, capacidade para criar os espaços nos
quais se cristaliza o movimento associativo. Porém, o floresci3 Ver TOURAINE, A. Igualdad y Diversidad. México: F.C.E., 2001.
4 Ver BOIX, C. Introdução do livro Para que la democracia funcione. Barcelona: Proa,
2000.
5 Op. cit.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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