Governança Democrática - 3ª Edição | Page 135

como observou A. Touraine,3 nenhum outro lugar fora do próprio indivíduo em que seja possível conjugar estratégias econômicas e identidades culturais. Um novo direito específico emerge em nossas sociedades caracterizadas pela globalização econômica e pelo encontro de culturas, o direito à individualização, que segundo o citado sociólogo tem que fortalecer a capacidade de cada ator individual ou coletivo alcançar a individualização, isto é, dar um sentido geral e próprio ao conjunto de condições das interações e comportamentos que formam sua existência e, portanto, a transformam em uma experiência. Neste sentido, as sociedades contemporâneas, ao se basearem mais nos indivíduos do que nas grandes organizações (igrejas, sindicatos, partidos...) e grupos sociais (classes, cooperativas profissionais, grupos com status social elevado...), facilitam as relações horizontais entre a cidadania e, com isso, a criação de capital social. Por capital social se entende “as expectativas de cooperação alimentadas por redes institucionais – as associações – que se materializam em pautas de cooperação continuadas”.4 A geração de capital social, segundo o estudo de Putnam,5 é o que explica o maior avanço econômico e social e a qualidade da vida política democrática. A vantagem colaborativa é uma das principais forças motoras do desenvolvimento social, econômico e político, com um valor superior à disponibilidade de capital econômico e à oferta de infraestruturas e serviços. Gerar capital social nas cidades do conhecimento significa, hoje, em primeiro lugar, capacidade para criar os espaços nos quais se cristaliza o movimento associativo. Porém, o floresci3 Ver TOURAINE, A. Igualdad y Diversidad. México: F.C.E., 2001. 4 Ver BOIX, C. Introdução do livro Para que la democracia funcione. Barcelona: Proa, 2000. 5 Op. cit. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 133