Governança Democrática - 3ª Edição | Page 131

necessidades especiais –, como melhor forma de lutar contra a pobreza e a desigualdade social. Na atualidade, a União Europeia considera a pobreza em termos relativos de desigualdade. No II Programa de Luta contra a Pobreza, esta foi definida como aquela situação em que se encontram as famílias que recebem menos da metade da renda média da sociedade de referência. Esta definição continua hoje vigente no âmbito europeu. Na cidade da informação, o acesso ao capital cultural está se constituindo o principal fator gerador da desigualdade social, ainda que não o único. Nela, o fundamental é a capacidade de transformar a informação em conhecimento. Este é o principal gerador de valor agregado. O capital cultural não é conhecimentos concretos sobre artes e ciências. Capital cultural é a capacidade socialmente adquirida de produzir conhecimento partindo do acesso universal à informação. Capital cultural é proporcionado pelo domínio da linguagem, do conhecimento de conceitos, das técnicas de raciocínio, da faculdade de criar e imaginar; é conhecimento e atitude positiva em relação à inovação e à aprendizagem constante durante toda a vida.2 O capital cultural é fruto de uma educação em sentido amplo, que acontece na família, na escola, nas interações sociais. Depende da intencionalidade educativa que se atribua aos processos de socialização primária e secundária que acontecem na cidade. Nem a igualdade de oportunidades, nem a redução da pobreza podem ser alcançadas por meio da garantia de acesso aos serviços básicos e níveis de renda mínima. Isto será uma condição necessária, mas não suficiente. Para garantir habilidades sociais, educacionais e culturais básicas, será preciso 2 BERNSTEIN, B. Clases, Códigos y Control. V. I e II. Madrid: Akal, 1988 e 1989. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 129