Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 33

Fraternidade . Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo
Uma origem comum e um destino comum tornam semelhantes todos os homens entre si . Mas ser semelhante não é a mesma coisa que ser igual . Pode-se ser semelhante a alguém e não ser seu igual . Tal como o homem , feito à imagem e semelhança de Deus , mas dele totalmente dependente .
A relação de proximidade coexiste com a de dependência e não elimina disparidades e hierarquias . Estas só cessam diante de Deus . É a condição comum de criaturas , marcadas por fadiga , dor , pecado e morte que iguala os seres humanos além de todas as diferenças e todas as distinções : “ Para o homem medieval – escreve John Huizinga –, o cerne da ideia estava na concepção da futura igualdade na morte , não numa inalcançável igualdade na vida ”. 3
A fraternidade cristã está dominada pela afirmação do absoluto valor divino em relação ao qual todas as hierarquias e distinções , de que os homens extraem tanto orgulho , se confundem e anulam no mesmo nada comum : “ Nada conta , nem o poder nem a fraqueza , nem a riqueza nem a miséria , nem o gênio nem a estupidez , nem mesmo a virtude ou o vício , o êxito ou o fracasso : diante de Deus , todas as criaturas são igualmente ínfimas , todas são iguais ”. 4
Através do amor pelos irmãos os homens participam do amor que Deus-Pai , em sua infinita misericórdia , dispensa a todos os seres humanos , apesar de sua indignidade . Mais precisamente , o amor de Deus realiza a si mesmo quando se prolonga no amor pelos outros e cria a fraternidade . Por isso , o objeto verdadeiro e final da caridade cristã é Deus : o homem deve amar o próximo em Deus , em referência a Ele e na medida em que O reflete e a Ele conduz . O próximo é ocasião preciosa para a espiritualidade
3 J . Huizinga , L ’ autunno del Medioevo , Florença , Sansoni , 1988 , p . 81 . 4 R . Polin , Etica e politica , Milão , Giuffrè , 1985 , p . 110 .
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