GEMOLOGIA
Gemas orgânicas da biodiversidade amazônica
Maurício Favacho e Rejane Amaral
Um grande potencial para o futuro
da joalheria sustentável do Brasil
Figura 1. Parte superior: Colar
“Açaí” nos pescoços dos atores
Taís Araújo e Carlos Casa Grande
de autoria da Designer Paraense
Selma Montenegro, finalista do
concurso da mineradora de ouro
AngloGold no ano de 2012, cujo
tema foi “Brasilidades” (imagens
cedidas pela designer). Parte
inferior: Colares de açaí típicos da
região amazônica, simples, sem a
presença de metais nobres.
A Amazônia
A grande floresta tropical brasileira é rica por natureza, além
de apresentar grande potencial em ouro e pedras preciosas,
também possui elevado número de gemas orgânicas, ou
seja, elementos de sua biodiversidade capazes de compor
as mais belas joias. São sementes de açaí, jarina, tento,
jupati, flamboyant, madeiras nobres, fibras entre outros
elementos que podem ser combinados com ouro, prata e
pedras preciosas e assim contribuir sistematicamente com
o desenvolvimento sustentável desta região e da indústria
joalheira nacional como um todo.
A confecção de biojoias de açaí é comum nas regiões
ribeirinhas do estado do Pará e tem forte apelo sustentável,
seu efeito visual é fabuloso, atrai turistas e o produto é de
venda fácil, porém de baixo valor agregado, pois em geral
não há presença de metal nobre neste produto. A peça
“Açaí “da designer Selma Montenegro é conceitual (Figuras
1 e 2), tecnicamente ela chama atenção para o fruto açaí
típico da região amazônica, mas também faz um apelo para
se intensificar o uso do caroço de açaí, não somente como
bijuterias, mas também com metais nobres, pedras preciosas,
ou seja, um apelo para que os caroços passem a ser vistos
como fonte de insumo para os 3 seguimentos industriais
joalheiros principais, isto é; os de joias de ouro fino 18K, de
joias folheadas à ouro e no seguimento de bijuterias finas.
Figura 2. Colar “Açaí” faz alusão ao uso do caroço
de açaí em joias, porém a peça foi produzida com
500 gramas de ouro, placas de tucumã (preto), e
madeira imbuia (Designer Selma Montenegro).
Jarina
Figura 3. Anel moderno com cabochão de jarina da designer Chis
Lanza e sementes de Jarina (Foto: Almir Pastore).
A Jarina (Phytelephas macrocarpa) é uma palmeira que dá uma
semente de mesmo nome e que durante mais de um século é
conhecida como o “marfim vegetal da Amazônia” (Figura 3).
Trata-se de um dos elementos da biodiversidade amazônica que
reúne todos os atributos para se tornar literalmente uma gema
orgânica e ganhar o mercado internacional para seu uso em
joias. A Jarina apresenta propriedades físicas semelhantes ao do
marfim e pode ser o substituto à altura do marfim animal que
por sua vez se tornou-se ilegal por não estar em conformidade
com as leis de proteção aos animais, no caso o elefante. A jarina
apresenta dureza em torno de 2,5 na escala de Mohs e uma vez
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