fm30 F. Magazine 30 | Page 156

GEMOLOGIA Gemas orgânicas da biodiversidade amazônica Maurício Favacho e Rejane Amaral Um grande potencial para o futuro da joalheria sustentável do Brasil Figura 1. Parte superior: Colar “Açaí” nos pescoços dos atores Taís Araújo e Carlos Casa Grande de autoria da Designer Paraense Selma Montenegro, finalista do concurso da mineradora de ouro AngloGold no ano de 2012, cujo tema foi “Brasilidades” (imagens cedidas pela designer). Parte inferior: Colares de açaí típicos da região amazônica, simples, sem a presença de metais nobres. A Amazônia A grande floresta tropical brasileira é rica por natureza, além de apresentar grande potencial em ouro e pedras preciosas, também possui elevado número de gemas orgânicas, ou seja, elementos de sua biodiversidade capazes de compor as mais belas joias. São sementes de açaí, jarina, tento, jupati, flamboyant, madeiras nobres, fibras entre outros elementos que podem ser combinados com ouro, prata e pedras preciosas e assim contribuir sistematicamente com o desenvolvimento sustentável desta região e da indústria joalheira nacional como um todo. A confecção de biojoias de açaí é comum nas regiões ribeirinhas do estado do Pará e tem forte apelo sustentável, seu efeito visual é fabuloso, atrai turistas e o produto é de venda fácil, porém de baixo valor agregado, pois em geral não há presença de metal nobre neste produto. A peça “Açaí “da designer Selma Montenegro é conceitual (Figuras 1 e 2), tecnicamente ela chama atenção para o fruto açaí típico da região amazônica, mas também faz um apelo para se intensificar o uso do caroço de açaí, não somente como bijuterias, mas também com metais nobres, pedras preciosas, ou seja, um apelo para que os caroços passem a ser vistos como fonte de insumo para os 3 seguimentos industriais joalheiros principais, isto é; os de joias de ouro fino 18K, de joias folheadas à ouro e no seguimento de bijuterias finas. Figura 2. Colar “Açaí” faz alusão ao uso do caroço de açaí em joias, porém a peça foi produzida com 500 gramas de ouro, placas de tucumã (preto), e madeira imbuia (Designer Selma Montenegro). Jarina Figura 3. Anel moderno com cabochão de jarina da designer Chis Lanza e sementes de Jarina (Foto: Almir Pastore). A Jarina (Phytelephas macrocarpa) é uma palmeira que dá uma semente de mesmo nome e que durante mais de um século é conhecida como o “marfim vegetal da Amazônia” (Figura 3). Trata-se de um dos elementos da biodiversidade amazônica que reúne todos os atributos para se tornar literalmente uma gema orgânica e ganhar o mercado internacional para seu uso em joias. A Jarina apresenta propriedades físicas semelhantes ao do marfim e pode ser o substituto à altura do marfim animal que por sua vez se tornou-se ilegal por não estar em conformidade com as leis de proteção aos animais, no caso o elefante. A jarina apresenta dureza em torno de 2,5 na escala de Mohs e uma vez 154