inalados pelas narículas de Nadab e Abiú,
chegaram-lhes aos pulmões. Pela corrente
sanguínea seguiu, além de oxigénio e demais
componentes gasosos da atmosfera, também uma
toxina, que se incrustou nos canais iónicos do
receptor do ácido gama-aminobutírico, inibindo a
acção deste neurotransmissor no adequado fluxo
de cloro nos respectivos sistemas nervosos. Nadab
e Abiú entraram em convulsões, foram acometidos
de tonturas e fortes náuseas, vomitaram,
encurvando-se por força de dores abdominais.
Dever-se-ia ter seguido, entre outros sintomas,
também um aumento da temperatura corporal,
acidose metabólica, sudorese, inchaço no cérebro,
distúrbios de coagulação sanguínea, rabdomiólise
e insuficiência renal, culminando em insuficiência
respiratória ou fibrilhação ventricular. Pelo menos,
é essa a sintomatologia da intoxicação por cicuta,
planta da família das apiáceas, prima do gálbano,
mas de inflorescências albas em vez de amarelas.
Abiú e Nadab não chegaram, porém, à derradeira
fase. Entre seus estertores, entornaram as brasas
dos turíbulos sobre as vestes sacerdotais. E em vez
de envenenados, morreram queimados.
Nota: A punição de Nadab e Abiú está referida no
capítulo 20 do Livro de Levítico. O castigo deveu-se
à oferenda a Deus de um fogo profano no altar dos
perfumes. No capítulo 30 do Livro do Êxodo
surgem os pormenores do altar dos perfumes, do
castigo em caso de incumprimento das normas, e
as características e ingredientes do óleo e perfume
de unção.
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