[Trad. para espanhol]
Miles de teorías, grotescas, extraordinarias,
profundas, sobre el mundo, sobre el hombre, sobre
todos los problemas que atañen a la metafísica, han
atravesado mi mente. He vivido miles de filosofías,
de las cuales – como si fueran reales – no hay dos
que concuerden. Todas las ideas que he tenido, si
hubieran sido escritas, habrían constituido una gran
inversión en la posteridad; pero debido a la
constitución muy peculiar de mi mente, apenas una
teoría o una idea surgía, ya había desaparecido; y
cuando anhelaba sentirla otra vez, ya no me
acordaba de nada; absolutamente de nada de lo
que podría haber sido.
Así la memoria, como todas mis otras facultades,
me predispuso a vivir en un sueño.
– (pensado para ir en “Puerta”
pero no; de poco mérito)
§
O terceiro escrito foi incluído em Sensacionismo e
Outros Ismos (2009) e também carece de um título
ou indicação inicial. Foi dactilografado numa folha
de notas de A. XAVIER PINTO & C.A, firma para a
qual Pessoa trabalhou; nas folhas de papel
timbrado desta companhia existem cartas e textos
de 1915-1916.
As seguintes linhas esboçam os princípios ou
fundamentos do sensacionismo, uma corrente
artística que não teve ecos europeus (muitas
páginas foram guardadas nos baús pessoanos), mas
que haveria que associar a outros movimentos da
época, como o simbolismo e o futurismo, apesar
das críticas a que estão sujeitos: «O symbolismo
foi apenas uma obsessão musical. O futurismo não
passa, em literatura, de um phenomeno
typographico».
Pessoa foi um forte crítico do futurismo
propagado por Filippo Tommaso Marinetti, mas não
disse nada sobre Umberto Boccioni, que escreveu
Pittura e Scultura futuriste (1914), um texto capital
na história dos primeiros movimentos
vanguardistas do século XX; talvez tenha
permanecido em silêncio porque não leu nem
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