Fluir nº 5 - junho 2020 - | Page 11

[Trad. para espanhol] Miles de teorías, grotescas, extraordinarias, profundas, sobre el mundo, sobre el hombre, sobre todos los problemas que atañen a la metafísica, han atravesado mi mente. He vivido miles de filosofías, de las cuales – como si fueran reales – no hay dos que concuerden. Todas las ideas que he tenido, si hubieran sido escritas, habrían constituido una gran inversión en la posteridad; pero debido a la constitución muy peculiar de mi mente, apenas una teoría o una idea surgía, ya había desaparecido; y cuando anhelaba sentirla otra vez, ya no me acordaba de nada; absolutamente de nada de lo que podría haber sido. Así la memoria, como todas mis otras facultades, me predispuso a vivir en un sueño. – (pensado para ir en “Puerta” pero no; de poco mérito) § O terceiro escrito foi incluído em Sensacionismo e Outros Ismos (2009) e também carece de um título ou indicação inicial. Foi dactilografado numa folha de notas de A. XAVIER PINTO & C.A, firma para a qual Pessoa trabalhou; nas folhas de papel timbrado desta companhia existem cartas e textos de 1915-1916. As seguintes linhas esboçam os princípios ou fundamentos do sensacionismo, uma corrente artística que não teve ecos europeus (muitas páginas foram guardadas nos baús pessoanos), mas que haveria que associar a outros movimentos da época, como o simbolismo e o futurismo, apesar das críticas a que estão sujeitos: «O symbolismo foi apenas uma obsessão musical. O futurismo não passa, em literatura, de um phenomeno typographico». Pessoa foi um forte crítico do futurismo propagado por Filippo Tommaso Marinetti, mas não disse nada sobre Umberto Boccioni, que escreveu Pittura e Scultura futuriste (1914), um texto capital na história dos primeiros movimentos vanguardistas do século XX; talvez tenha permanecido em silêncio porque não leu nem 11