rainha, senhora que tem passado muito. No
Panamá, na praia La Miel, o barman:
- La princesa Diana de Gales murió esta noche.
- Como é que a Diana pode morrer?
Para que saibas, nasci no Alentejo, terra de
suicídios, só colegas de turma foram dois ou três, é
assunto sociológico e literário, acho eu.
- Não gosto de pessoas que se matam. Acho uma
falta de educação.
Nunca erraste a frase. Se isto fosse fácil, era para
os outros (lema teu dos marines).
No casamento, em Portalegre, o Hermínio Monteiro
ofereceu-nos um quadro de Juan Muñoz, foram-se
embora disto quase ao mesmo tempo. O Al Berto
dera, por antecipação, duas úteis pegas de cozinha,
em crochet, e também se foi. Num livro com capa
do Nozolino, ele pediu-me que cuidasse de ti, mas
era um poeta. A Mena levou um bonito corta-
papéis, o Croft mandou entregar uma caixa
enorme, o Pinharanda quotizou o “Público” inteiro
para a urgência da arte em casa, o Luís Pedro
esteve muito falador. O Alexandre Melo contou às
mesas que esteve quase a bater-me na festa em
que nos conhecemos, pensou que um palerma te
estava a importunar. O Tininho, o Pereirinha, o
Zeca, o Eustáquio, as minhas irmãs, os primos, etc.,
cantaram blues alentejanos com o Coro das
Gazelas Vadias. Um grupo contratado de mariachis
de Badajoz soprou as trombetas até de manhã, mas
saíram esgotados pelos nossos eclécticos amigos
e,pouco depois, reformaram-se.
Não tentaram o regresso aos palcos, em dez anos.
O Alexandre tem um truque: os amigos não
morrem, hoje é que não podem vir.
A última:
- Se eu morrer, tratas dos nossos filhos?
- Não vais morrer. Mas é claro.
Só me enganei numa coisa.
O que ficou dum coração: passaram por aqui os
hunos.
A Miss Sud-America faleceu esta semana com a
mesma bactéria. Tu eras mais bonita.
Desculpa as palavras espavoridas, fogem dos
arbustos para o céu, mas não tenho a tua pontaria a
caçar chavões. Não sou Bill Goianes, bandoleiro do
Recife.
Tantas viagens paradas no mundo redondo.
Já muitos o fizeram, deixa-me só dizer-te, Tereza
Coelho, amor, obrigado e até à vista.
37