O coração bate mais devagar. Já não há lágrimas.
Respiro fundo. Agora estou aqui presente,
atalhando qualquer desvio, aqui e agora.
O concerto termina, levantamo-nos e aplaudimos
de pé, há uma unanimidade feliz na sala cheia.
Volto para casa. Espera-me a vida normal, tenho
uns amigos para o jantar. Vou pela marginal,
devagar, acompanhando o rio em direcção à foz, a
luz a cair, como dizemos nos filmes, o alaranjado
do por do sol de um dia que foi claro dando lugar a
um azul cada vez mais profundo e escuro. Em
breve será noite.
E ocorrem-me as palavras sábias do poeta Manuel
António Pina: Memória é tudo o que temos, palavra
é tudo o que temos.
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