Fluir nº 4 - fevereiro 2020 | Page 14

Ainda falei da tia do Roberto, uma velha a que todos chamavam Bebé, mas o meu pai mudou de assunto, aquilo não era importante, um nome não podia ser uma coisa importante. Nunca lhe contei o que a mudança do nome tinha significado para mim, como me senti defraudada na espera de um pai que se revelou outro, e como tive a certeza de que a minha vida nunca mais seria a mesma, como tive a certeza de que a partir dali seria moldada pelo desconhecido e pelo incerto, pelo que trará outros nomes. Ou não. A partir dali soube que não podia contar com o passado. Mas também não sabia como contar com o futuro. A partir dali, eu estava sozinha. No frágil presente. 14