Nas joalherias, oficinas e ateliês de joias costumam chegar peças
de família de valor sentimental e das quais seu proprietário
não quer se desfazer. Algumas vezes o proprietário busca sua
ressignificação, outras quer mantê-la intacta e fazer uma
manutenção para colocá-la em uso novamente. Nem sempre
de grande valor econômico, elas portam reminiscências,
memórias narradas por diferentes pessoas, toda uma série
de lembranças.
As joias de família, passadas de geração em geração,
são claramente evocadoras de memórias individuais e
coletivas. Elas revelam crenças compartilhadas e identidades
construídas coletivamente. Mesmo na ausência, laços
podem ser recuperados e fortalecidos. Objetos legados,
presenteados ou encontrados parecem portar esses
vínculos. Joias podem ser criadas especificamente para
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marcar datas especiais e, em alguns casos, incorporar
lembranças ao cotidiano. Pérolas que são remontadas para
serem usadas por uma jovem, colar dos sonhos realizado
sob medida para uma esposa muito especial, brincos feitos
a partir da aliança da avó para uma noiva, colar com centro
que reproduz o anel de estimação de uma mãe ou um anel
que foi desenhado cheio de significados especiais para a
vida de um casal que recebia seu primeiro filho são alguns
dos infinitos casos com que lidamos cotidianamente em
nosso trabalho como joalheiros.
Também podemos ter em nossas coleções peças que
remetam mais diretamente ao desejo da construção de
narrativas familiares: um relicário para fotos ou uma peça
com nome e datas especiais gravadas no verso, berloques
que se somam em pulseiras ou colares e marcam momentos