CARTA DO EDITOR
Caro(a) leitor(a),
Joia é arte, joia é
“Cult”, joia é pop.
Mesmo a empresa mais modesta reconhece, ainda que
involuntariamente, a importância de se posicionar no
mercado, de buscar uma marca distintiva frente aos seus
concorrentes. Observamos esse comportamento em bares e
restaurantes que exploram ou a popularidade do dono ou
a receita de um tira gosto ou ainda o atrativo de um prato
popular. Dispensa comentário a importância de tal prática
para as grandes organizações.
Antes de se vestir o homem se adornou. A joalheria
sempre existiu e sempre existirá, ao contrário de muitas
categorias de produtos (leia-se empregos, rendas,
tributos, etc) que simplesmente desapareceram do
mercado. Joia tem a ver com criatividade, conteúdo
simbólico, manifestação de afeto, identidade pessoal e,
como no conceito de economia criativa, seu principal
atributo distintivo é o design. Adicionalmente, a
mobilidade social dentro da indústria joalheira é
dinâmica, o segmento é aberto, internacionalizado,
com baixas barreiras a entrada e a saída, composto
majoritariamente de pequenas empresas, intensivo em
mão de obra e não demanda expressivos investimentos
em infraestrutura para se desenvolver. Todas essas
características qualificam o setor joalheiro a se posicionar
como um segmento representativo e exemplar no
contexto da indústria criativa.
Setores inteiros também procuram um espaço diferenciado
no complexo, e muitas vezes indistinto, sistema econômico
moderno. A famosa peça de publicidade o “agro é pop,
agro é tech, agro é tudo” nada mais faz do que perseguir
um atributo distintivo de modernidade e importância do
agronegócio no contexto da economia brasileira.
Se omitir e não buscar um posicionamento também pode levar
a uma espécie de “posicionamento involuntário”, determinado
pelo livre jogo de ideias, preconceitos e infl uências culturais
que transitam pelo mercado. A indústria joalheira, por exemplo,
muitas vezes, é injustamente associada à lavagem de dinheiro, à
agressão ao meio ambiente e à ostentação de riquezas. Ora, no
caso da lavagem de capitais o setor, na imensa maioria das vezes,
é vitimado pela prática de lavagem e não autor ou benefi ciário
da mesma. Quanto à agressão ao meio ambiente (extração de
ouro e gemas) o problema é infi nitamente mais complexo e não
se limita ao contexto da indústria de joias e, por fi m, quem fala
em ostentação, desconhece que a indústria de joias, atende a
todas as camadas da sociedade, inclusive as mais modestas.
O tema “economia criativa” esta tão presente que levou
o governador do Estado de São Paulo João Doria, a criar
uma secretaria que contempla o assunto em sua gestão, a
Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Ao se posicionar como um promissor segmento
da economia criativa, o setor joalheiro consegue
identificar os elementos chave de agregação de valor
ao longo de sua cadeia de produção e comercialização
(concepção do produto, valorização do conteúdo
simbólico e da história inspiradora da coleção,
a experiência do atendimento ao cliente, etc) e
desenvolve uma narrativa para a legítima defesa de
seus interesses junto à sociedade.
A joalheria, em virtude de seu alto conteúdo simbólico, está
inserida no universo da economia criativa, um segmento de
mercado que irá se destacar no mercado do século XXI, e onde a
criatividade, a inovação e o conteúdo cultural e de conhecimento
são determinantes para a geração de valor. Diversos países como
a Austrália e o Reino Unido, preocupados com o desemprego
tecnológico e com a crise da indústria tradicional, já identifi caram
a potencialidade da economia criativa e desenvolveram políticas
públicas de apoio à esse segmento.
O Brasil exporta milhões de dólares em joias e gemas,
o setor gera milhares de empregos e fortalece a
imagem internacional de um Brasil colorido, moderno
e criativo. Temos que valorizar e difundir nossas
qualidades. Joia, na verdade, é arte, joia é “cult”, joia é
“cool” e também é “pop”.
Forte abraço,
Ecio Morais,
Editor
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