F. Magazine 28 Montagem Revista3 | Page 9

CARTA DO EDITOR Caro(a) leitor(a), Joia é arte, joia é “Cult”, joia é pop. Mesmo a empresa mais modesta reconhece, ainda que involuntariamente, a importância de se posicionar no mercado, de buscar uma marca distintiva frente aos seus concorrentes. Observamos esse comportamento em bares e restaurantes que exploram ou a popularidade do dono ou a receita de um tira gosto ou ainda o atrativo de um prato popular. Dispensa comentário a importância de tal prática para as grandes organizações. Antes de se vestir o homem se adornou. A joalheria sempre existiu e sempre existirá, ao contrário de muitas categorias de produtos (leia-se empregos, rendas, tributos, etc) que simplesmente desapareceram do mercado. Joia tem a ver com criatividade, conteúdo simbólico, manifestação de afeto, identidade pessoal e, como no conceito de economia criativa, seu principal atributo distintivo é o design. Adicionalmente, a mobilidade social dentro da indústria joalheira é dinâmica, o segmento é aberto, internacionalizado, com baixas barreiras a entrada e a saída, composto majoritariamente de pequenas empresas, intensivo em mão de obra e não demanda expressivos investimentos em infraestrutura para se desenvolver. Todas essas características qualificam o setor joalheiro a se posicionar como um segmento representativo e exemplar no contexto da indústria criativa. Setores inteiros também procuram um espaço diferenciado no complexo, e muitas vezes indistinto, sistema econômico moderno. A famosa peça de publicidade o “agro é pop, agro é tech, agro é tudo” nada mais faz do que perseguir um atributo distintivo de modernidade e importância do agronegócio no contexto da economia brasileira. Se omitir e não buscar um posicionamento também pode levar a uma espécie de “posicionamento involuntário”, determinado pelo livre jogo de ideias, preconceitos e infl uências culturais que transitam pelo mercado. A indústria joalheira, por exemplo, muitas vezes, é injustamente associada à lavagem de dinheiro, à agressão ao meio ambiente e à ostentação de riquezas. Ora, no caso da lavagem de capitais o setor, na imensa maioria das vezes, é vitimado pela prática de lavagem e não autor ou benefi ciário da mesma. Quanto à agressão ao meio ambiente (extração de ouro e gemas) o problema é infi nitamente mais complexo e não se limita ao contexto da indústria de joias e, por fi m, quem fala em ostentação, desconhece que a indústria de joias, atende a todas as camadas da sociedade, inclusive as mais modestas. O tema “economia criativa” esta tão presente que levou o governador do Estado de São Paulo João Doria, a criar uma secretaria que contempla o assunto em sua gestão, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Ao se posicionar como um promissor segmento da economia criativa, o setor joalheiro consegue identificar os elementos chave de agregação de valor ao longo de sua cadeia de produção e comercialização (concepção do produto, valorização do conteúdo simbólico e da história inspiradora da coleção, a experiência do atendimento ao cliente, etc) e desenvolve uma narrativa para a legítima defesa de seus interesses junto à sociedade. A joalheria, em virtude de seu alto conteúdo simbólico, está inserida no universo da economia criativa, um segmento de mercado que irá se destacar no mercado do século XXI, e onde a criatividade, a inovação e o conteúdo cultural e de conhecimento são determinantes para a geração de valor. Diversos países como a Austrália e o Reino Unido, preocupados com o desemprego tecnológico e com a crise da indústria tradicional, já identifi caram a potencialidade da economia criativa e desenvolveram políticas públicas de apoio à esse segmento. O Brasil exporta milhões de dólares em joias e gemas, o setor gera milhares de empregos e fortalece a imagem internacional de um Brasil colorido, moderno e criativo. Temos que valorizar e difundir nossas qualidades. Joia, na verdade, é arte, joia é “cult”, joia é “cool” e também é “pop”. Forte abraço, Ecio Morais, Editor 10