“
As joias não são posse: são atributos do gosto e das histórias pessoais. Elas são
um registro das experiências das suas vidas
”
De acordo com a especialista, as pedras clássicas como
água-marinha, pérola, rubi, esmeralda, topázio e diamante,
tanto no ouro branco como no amarelo, passarão por
uma releitura nesse ano. “Mesmo nas linhas autorais essa
influência chegará com um olhar mais fresco, jovem, atual
e comercial. O que é até melhor, pois o consumidor poderá
usar estas joias também no dia a dia”, explica.
Já para Regina Machado, formada em arquitetura e com
especialização em História da Cultura, a joia, em 2018, estará
ainda mais voltada a ser um registro das nossas experiências
pessoais. A consultora tem se dedicado à história dos estilos na
joalheria e explica que o valor das joias contará cada vez mais
com a capacidade da criação dos designers para “singularizar”
as peças. “Os colos das mulheres não são um cofre, como
destacou Chanel já no século passado. As joias não são posse:
são atributos do gosto e das histórias pessoais. Elas são um
registro das experiências das suas vidas”, destaca.
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Regina lembra que a questão chave que movimenta
os desejos dos indivíduos contemporâneos é sem
dúvida a identidade. “Todo o investimento na cultura
do consumo deve perceber as grandes oportunidades
dos objetos de construção do sentido de nossas
subjetividades”. E sua experiência mostra que para o
consumidor atual, “as joias contam histórias pessoais,
são dispositivos de nossa memória afetiva”. Então, o
design tem justamente o caráter de singularizar os
produtos. “Estamos cada vez mais distantes das joias
como posse de capital material, como objeto de status,
e cada vez mais como objetos de significado e referência
dos estilos pessoais”, enfatiza a consultora.
Como os consumidores desejam cada vez mais objetos que
expressem no design o seu estilo de vida, sua identidade
única, Regina avalia que a mera ostentação dos valores dos
materiais precisos é, hoje, “coisa totalmente old fashion”.