“Essa evolução de consumo não será homogênea em todo
o país. Os investidores olharão para portos mais seguros”.
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, cita
ele, que antes eram caminhos naturais para a abertura de
novas lojas, hoje devem ficar de fora, pois nota-se há algum
tempo uma redução de investimentos nestes locais.
São Paulo, apesar de estar nos planos de expansão de muitos
varejistas, crescerá com ressalvas. De acordo com Hirai, não
serão todos os setores que sentirão essa retomada de vendas.
“O consumidor tem buscado produtos e serviços com boa
relação custo-benefício, assim o consumo não volta com força
total, como vimos entre os anos de 2010 e 2012”, garante o
consultor. “Estamos vendo um consumidor mais comedido,
muito mais exigente e consciente, que quer qualidade, mas
não está disposto a pagar um preço maior por isso”.
E como 2018 será o ano de produtos mais baratos, joias
que primam pela qualidade, mas não tão “pesadas”, devem
ser mais fáceis de serem encontradas. “A alta joalheria
possui seu mercado, mas a joia tradicional ainda terá
dificuldade de se vender, porque o poder aquisitivo da
maioria da população continua comprometido”. Esse fator
de instabilidade, explica Hirai, faz com que não vejamos
a volta de um consumo pleno no mercado joalheiro. “O
clima está ficando melhor, as empresas voltam a pensar em
contratação, mas muita gente ainda teme o desemprego e
prefere poupar a consumir sem freios”.
Apesar das tendências de melhora, dos bons indicadores da
macroeconomia e também pelos fundamentos econômicos
do Brasil estarem controlados para o especialista, o Brasil
ainda é uma incógnita, pois ninguém sabe direito o que
acontecerá com a crise política pela qual passamos. “A
inflação está baixa, a taxa de juros controlada e temos boas
reservas econômicas, mas há indicadores que mostram
riscos, há muitos perigos que podem ameaçar esse
cenário”, avalia Hirai, lembrando que viveremos ano de
eleições. “Por isso, comprar produtos desnecessários está
fora dos planos do consumidor. Ele não vai fazer loucuras e
o varejista terá de ficar muito atento à isso”.
Na moda, as fast fashions devem ganhar cada vez mais espaço,
por trabalharem com produtos “mais acessíveis e baratos”.
Ou seja, o consumidor vai procurar preço e avaliar por que
comprar determinado produto, naquele momento. “Por isso,
muitos varejistas ainda têm receio e não querem expandir
suas lojas”, diz Marcos. “É hora de buscar entender esse novo
consumidor, seja no setor de alimentos ou de joias”.
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