Explora Web Magazine Volume VIII | Page 32

Encontros por Luisa Fontoura P redadores de topo costumam encantar pesquisadores do mundo inteiro e, diante do seu atual declínio devido à caça predatória, encontros com essas criaturas majestosas em seu ambiente natural são extremamente cobiçados. Os tubarões são grandes e temidos predadores de topo dos oceanos, porém, são também vítimas de uma imagem assustadora e cruel erroneamente disseminada. O encontro de um mergulhador com um tubarão costuma ser um breve momento incrível, que envolve muito respeito, admiração e batimentos cardíacos agradavelmente acelerados. E foi exatamente como eu me senti ao me deparar, pela primeira vez, com uma fêmea de tubarão-lixa (Gymglimostoma cirratum) de quase três metros de comprimento. Apesar de ser não ser uma espécie agressiva, um tubarão de tal tamanho com comportamento curioso costuma ser um tanto quanto intimidador. Em maio de 2015, tive o prazer de ser convocada para uma expedição científica na Reserva Biológica do Atol das Rocas, a ilha oceânica mais bem preservada de todo território brasileiro. Além da euforia causada pela notícia, o primeiro pensamento foi: dividir o ambiente de trabalho com tubarões. Durante períodos de maré baixa, o atol exibe diversas piscinas naturais que podem estar ligadas ou não com a parte externa do oceano e aumentam ainda mais o suspense de encontros com tubarões. Em um dos primeiros dias de trabalho, minha dupla de mergulho me puxa ansiosamente para o fundo da piscina e aponta para a imensa fêmea de tubarãolixa, que não percebi estar me acompanhando durante todo o tempo em uma das imensas piscinas do atol. Durante um mês de expedição os encontros com os tubarões além de frequentes e sempre surpreendentes, deixaram muito claro os benefícios que uma área protegida integralmente de pesca pode trazer para a sobrevivência dessas espécies criticamente ameaçadas de extinção e para o equilíbrio dos nossos ecossistemas marinhos. E x p l o r a W e b M a g a z i n e 32