Encontros
por Luisa Fontoura
P
redadores de topo costumam encantar
pesquisadores do mundo inteiro e, diante do
seu atual declínio devido à caça predatória,
encontros com essas criaturas majestosas em seu
ambiente natural são extremamente cobiçados. Os
tubarões são grandes e temidos predadores de topo
dos oceanos, porém, são também vítimas de uma
imagem assustadora e cruel erroneamente
disseminada. O encontro de um mergulhador com um
tubarão costuma ser um breve momento incrível, que
envolve muito respeito, admiração e batimentos
cardíacos agradavelmente acelerados. E foi
exatamente como eu me senti ao me deparar, pela
primeira vez, com uma fêmea de tubarão-lixa
(Gymglimostoma cirratum) de quase três metros de comprimento. Apesar de ser não ser uma espécie agressiva,
um tubarão de tal tamanho com comportamento curioso costuma ser um tanto quanto intimidador.
Em maio de 2015, tive o prazer de ser convocada para uma expedição científica na Reserva Biológica do
Atol das Rocas, a ilha oceânica mais bem preservada de todo território brasileiro. Além da euforia causada pela
notícia, o primeiro pensamento foi: dividir o ambiente de trabalho com tubarões. Durante períodos de maré
baixa, o atol exibe diversas piscinas naturais que podem estar ligadas ou não com a parte externa do oceano e
aumentam ainda mais o suspense de encontros com tubarões. Em um dos primeiros dias de trabalho, minha
dupla de mergulho me puxa ansiosamente para o fundo da piscina e aponta para a imensa fêmea de tubarãolixa, que não percebi estar me acompanhando durante todo o tempo em uma das imensas piscinas do atol.
Durante um mês de expedição os encontros com os tubarões além de frequentes e sempre
surpreendentes, deixaram muito claro os benefícios que uma área protegida integralmente de pesca pode
trazer para a sobrevivência dessas espécies criticamente ameaçadas de extinção e para o equilíbrio dos nossos
ecossistemas marinhos.
E x p l o r a W e b M a g a z i n e 32