Editorial
trazem alguma forma de prazer para
preencher as horas vagas das pessoas. Já os
vídeos relacionados a natureza, são, de
maneira geral, uníssonos, com lindas imagens,
mas muitas vezes monótonos.
E
ntre inúmeras voltas em torno de
argumentos diferentes, uma conexão
entre eles sempre permanece, a da
divulgação científica. Difícil desgarrar de tal
tema central, principalmente em um espaço
onde nos propomos a falar de ciência, mas
não daquela forma chata, quadradinha,
usando óculos fundo de garrafa, mas de uma
forma mais amigável, apaixonante, com belas
imagens e histórias instigantes.
É sobre como “vestir” a ciência que eu
dedico muitas horas de meus pensamentos.
Entre amigos, comecei a cultivar uma teoria, a
que chamo de teoria da “comédia ambiental”.
Não, não é nada relacionado a ridicularizar a
ciência, a conservação, ou qualquer iniciativa
em torno disso. Trata-se simplesmente de um
questionamento que surgiu em torno da
seguinte pergunta: O que leva alguém a
assistir uma série de TV, como “Friends”,
“Lost” ou “The Walking Dead” em seus
tempos livres? Porque ela não opta por
assistir um documentário sobre natureza? Ou
ainda mais do que isso: Porque vídeos de
Youtube como os do “Porta dos Fundos” são
procurados e assistidos por muito mais
pessoas do que qualquer vídeo sobre
natureza?
A busca por essa resposta é meu trilho
motivador, e minha maior fonte de
questionamentos atualmente. Poderia dar
uma resposta objetiva, que é verdadeira, pelo
menos em partes: Essas séries ou vídeos são
extremamente bem feitas, divertidas, e
E no que isso influencia? Se a minha
intenção é desenvolver um trabalho para um
público que já possui afinidade com o tema,
que já gosta de natureza, aventura,
conservação, isso não influencia
absolutamente nada. Mas se temos uma visão
mais romântica, como a minha, de que
podemos e devemos utilizar essas ferramentas
para algo além, a eterna busca por ajudar na
preservação dos ambientes naturais,
contribuir com a formação de cultura verde,
ambiental, aproximar as pessoas do meio
natural que as cerca, e até transformá-las em
agentes para a conservação, provavelmente
estamos fazendo isso errado. Precisamos
desenvolver estratégias para que as pessoas
consumam conteúdo com essas temáticas, e
não somente aqueles que são jogados goela a
baixo, em aulas obrigatórias de educação
ambiental, ou comerciais no meio de seus
programas favoritos.
E como resolver isso? Ai que entra a
“Comédia Ambiental”, ou qualquer outro
gênero que seja quase unânime para as
pessoas. Vestir, transformar os temas de que
falo em produtos mais atraentes, seja qual for o
meio em que divulgamos nossos trabalhos.
Ainda, adicione a receita uma informação que
também vêm me inquietando: as pessoas não
gostam de ler. Pensando em tudo isso, chego à
conclusão de que temos que ir além, mais do
que nos preocupar em divulgar o
conhecimento científico para o público em
geral, temos que deixa-lo atraente, torna-lo
procurado, daí sim, podemos começar a
acreditar que ele vai influenciar opiniões e
ajudar na eterna busca por um mundo melhor.
Edson Faria Júnior
Editor Geral
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