Encontros
por Maíra Sagnori
E
m um passeio por uma pequena mata, observo
que há um tronco diferente dentre as árvores.
Ao cerrar os olhos e prestar mais atenção vejo
que o tronco tem cauda, bico, penas e um filhote. Na
mesma hora me vem a lembrança um dos programas
de vida animal da TV fechada, e tudo faz sentido, ali na
minha frente estava um urutau (Nyctibius leucopterus)
com seu filhote. Foi um momento de surpresa enorme
por encontrar aquela criatura tão secreta, que senti que
era o único ser humano a ter vivido essa experiência.
Passei a observar semanalmente mãe e filho e pude
notar alterações na plumagem do filhote, passando de
branca para marrom, enquanto seus olhos, grandes
como o de uma coruja, observavam tudo a sua volta. A
mãe, além de parecer como um tronco, comportava-se
como tal. Não esboçava nenhum movimento, a não ser
esticar o pescoço e abrir o grande bico de vez em
quando. Nenhum dos dois se incomodavam com
minha presença.
Um mês se passou até que a mãe abandonasse
o ninho deixando seu filhote cuidar de si mesmo.
Após uma semana este se sentiu confiante e deixou o
local. Encontrar a Mãe-da-Lua pode ter sido apenas
sorte, mas hoje, a cada passo lento pela mata, observo
as árvore tentando encontrar essa criatura incrível e
misteriosa novamente.
E x p l o r a W e b M a g a z i n e 30