Crônicas
Floripa no séc. XXII
F
altam mais duas janelas e termino o serviço. As
tábuas estão no lugar, mais algumas marteladas
e os vidros estão protegidos. Agora esse furacão
pode passar por aí que minhas janelas não vão se
quebrar. Creio que mereço uma cerveja depois de
trabalhar a tarde toda.
Sento no sofá e ligo a TV. Melhor aproveitar
enquanto ainda tem energia e ver as últimas
notícias sobre esse Furacão.
“... mais informações. Rosana.”
“Boa noite, Mário. Como podemos ver nas
imagens, o Furacão Tatiane continua em rota direta
para Florianópolis. Os últimos modelos indicam
que ele deve chegar à Ilha de Santa Catarina nas
próximas 4 a 5 horas. A Defesa Civil recomenda que
quem ainda não deixou a cidade não saia mais. Os
congestionamentos nas rodovias que deixam a
Grande Florianópolis prejudicam a saída das
pessoas e há risco de que muitos motoristas sejam
alcançados pela tempestade ainda na estrada.
Mário.”
Caramba! Eu que não queria ser pego na
estrada. Ainda bem que mandei Leila e as crianças
pra Urubici quando a notícia de mais um Furacão se
formando na costa saiu. Sozinho aqui na ilha, eu
fico mais sossegado. Com a casa preparada e com
comida e água pra vários dias sei que posso passar
por essa com um bom lucro. Que droga! Como eu
posso pensar em dinheiro numa hora dessas? Porra,
por João Doria
Jorge!
Eu sei que o meu trabalho é esse. Que ganho
dinheiro restaurando os estragos das tempestades e
demolindo o que não tem mais concerto. Mas, que
droga! Preferia que isso não acontecesse. Já não
bastam as casas que o mar tá engolindo? Tem
bastante trabalho ali. São Pedro podia dar uma
folguinha pra gente e não mandar esses furacões
todos os anos. Aqui não é China pô! Não era assim
antes. Quando é que isso vai parar?
***
O filme nem tinha acabado quando o sono
começou a bater. Foi um dia duro de trabalho, e é
preciso descansar enquanto há tempo. Logo a
tempestade vai chegar e o barulho não vai deixar
ninguém dormir.
Mal tinha pegado no sono e um barulho
muito forte de alguma coisa batendo me acordou.
Parei pra escutar por alguns segundos e percebi que
a tempestade tinha chegado de vez. Agora não
tinha mais como dormir. Era aguentar a barulheira
até tudo se acalmar.
Tentei ligar a TV, mas nada aconteceu. E lá
se foi mais uma série de postes. Talvez alguns
transformadores na subestação. O certo é que
seriam uns dois ou três dias sem luz. Olhei pro meu
relógio e fiz as contas. O Furacão estava quase uma
hora adiantado. Ainda bem que eu não estava na
estrada agora. Coitados.
Futuro Submerso
Você
estava
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