Uma fêmea
carregando seu filhote
13 horas diárias apenas na companhia dos
muriquis, ou, muitas vezes, somente com os sons da
natureza. O fato de ficar sozinho por horas
diariamente, somado ao relevo severamente
acidentado, exigia de mim tranquilidade e
autocontrole. Essas foram minhas maiores
dificuldades no começo do trabalho. Entretanto,
com o decorrer dos meses, a saudade de pessoas
próximas, junto com a previsibilidade do dia-a-dia,
tornaram-se os maiores desafios a serem
controlados. Dessa forma, eu fui obrigado a
explorar alguns de meus limites psicológicos, tendo
a oportunidade de ampliar meu autoconhecimento
ao mesmo tempo em que monitorava um bando de
muriquis encravado em um fragmento de mata
atlântica.
O dia a dia solitário seguindo cada muriqui
identificado me permitiu registrar dezenas de
abraços entre irmãos, mães e filhos de todas as
idades. Presenciei mães muriquis atuando como
verdadeiras pontes para que seus filhotes
conseguissem atravessar de um galho para o outro.
Registrei indivíduos conquistando sua primeira
cópula. Vi alguns encontros emocionantes entre
grupos distintos e até mesmo inusitados momentos
nos quais os muriquis desciam das árvores para o
chão.
Em meio a tantas lembranças, recordo-me
De olho nos Muriquis
E x p l o r a W e b M a g a z i n e 19