Explora Web Magazine Ano II Volume VI | Page 19

Uma fêmea carregando seu filhote 13 horas diárias apenas na companhia dos muriquis, ou, muitas vezes, somente com os sons da natureza. O fato de ficar sozinho por horas diariamente, somado ao relevo severamente acidentado, exigia de mim tranquilidade e autocontrole. Essas foram minhas maiores dificuldades no começo do trabalho. Entretanto, com o decorrer dos meses, a saudade de pessoas próximas, junto com a previsibilidade do dia-a-dia, tornaram-se os maiores desafios a serem controlados. Dessa forma, eu fui obrigado a explorar alguns de meus limites psicológicos, tendo a oportunidade de ampliar meu autoconhecimento ao mesmo tempo em que monitorava um bando de muriquis encravado em um fragmento de mata atlântica. O dia a dia solitário seguindo cada muriqui identificado me permitiu registrar dezenas de abraços entre irmãos, mães e filhos de todas as idades. Presenciei mães muriquis atuando como verdadeiras pontes para que seus filhotes conseguissem atravessar de um galho para o outro. Registrei indivíduos conquistando sua primeira cópula. Vi alguns encontros emocionantes entre grupos distintos e até mesmo inusitados momentos nos quais os muriquis desciam das árvores para o chão. Em meio a tantas lembranças, recordo-me De olho nos Muriquis E x p l o r a W e b M a g a z i n e 19