Explora Web Magazine Ano II Volume VI | Page 14

J á era novembro de 2010, eram os últimos dias na universidade e logo me tornaria Biólogo. Na época buscava oportunidades singulares para trabalhar em 2011. Em um ato rotineiro acesso meus e-mails e reparo em um título escrito em caixa alta: SELEÇÃO PARA PARTICIPAÇÃO NO PROJETO MURIQUI DE CARATINGA*. Naquele momento recordei que já havia lido algumas linhas sobre este projeto em um dos clássicos livros de David Quammen, O Canto do Dodô. Curioso, clico sobre a mensagem e vejo que o trabalho consistia no monitoramento de um grupo de muriquis em vida livre durante 14 meses. Sem piscar, releio atentamente a mensagem, penso por alguns segundos, e concluo em voz alta: “é exatamente isso que estou procurando!” A idéia de viver imerso na natureza por tanto tempo me remetia a uma paz grandiosa e a uma oportunidade ímpar de colaborar para a conservação dos muriquis. E em meio a tantas incertezas que martelavam minha cabeça na época, por que não viver 14 meses longe da vida agitada da cidade e seguindo um bando de muriquis isolado em um remanescente de Floresta Atlântica no leste de Minas Gerais? Foi o que eu fiz! O projeto de longo prazo Muriqui de Caratinga é coordenado pela Drª. Karen Strier, professora da Universidade de Wisconsin-Madison e pelo Dr. Sérgio Lucena Mendes, professor da Universidade Federal do Espírito Santo. O projeto existe desde 1983 e a cada 14 meses, três novos pesquisadores são treinados durante dois meses, para substituírem os três pesquisadores vigentes e dar continuidade ao projeto. Os dados coletados pelos pesquisadores pertencem ao projeto, entretanto é possível usar uma parte dos dados em um mestrado ou doutorado. As atividades do projeto Muriqui acontecem na Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala (RPPN FMA), antiga Estação Biológica de Caratinga (EBC), a 300 km a leste de Belo Horizonte/MG. O objetivo principal do projeto é manter o monitoramento sistemático de longo prazo da população de muriquis-do-norte que vive no local. A reserva representa um santuário para os muriquis, pois abriga a segunda maior população existente. A RPPN FMA é gerenciada pela ONG Preserve Muriqui, com sede em Caratinga/MG. O pôr-do-sol na floresta com imponentes Angelins E x p l o r a W e b M a g a z i n e 14