Crônicas
Amigo peixe, R.I.P.
por Renato Morais Araújo
certamente. Mas curiosidade mata, e muitos peixes
grandes já aprenderam que aproximar-se daquele
jeito do homem é sentença de morte. Mas não esse
olho-de-boi. Ele demonstrava a curiosidade
inocente pelo ser que solta bolhas. Afinal de contas,
vivia na Ilha da Trindade, último reduto oceânico
brasileiro, isolada por 1200 km de mar roxo no meio
do Atlântico Sul. Provavelmente nunca havia visto
o homem na vida. Por quê teria medo? Atirei no
bicho com minha câmera fotográfica para registrar
o momento.
Um belo olho-de-boi.
E
quando nos viu ficou nadando em círculos ao
nosso redor. Ficamos atônitos, parados
observando seus movimentos enquanto ele nos
encarava. Não consegui chegar a uma conclusão
sobre o que estaria pensando. Estava curioso
Meia hora depois, quando subi do
mergulho para o bote, descobri com tristeza que
meu amigo peixe havia tomado outro tiro. E esse
não era óptico, mas perfurante. Veio para o
frigorífico e depois para a brasa, quase um metro de
peixe. Confesso que dei umas garfadas, mas não
tenho nenhuma dúvida de que senti muito mais
satisfação em nosso contato subaquático do que em
nosso contato gastronômico. Foi-se um belo olhode-boi...
MUDANÇAS
Será qu
e eles n
unca
vão per
ceber a
diferen
ça??
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