Eu realmente sinto que fiz a escolha certa ao
resolver vir para cá. Por mais que a vida aqui seja
completamente o oposto de tudo aquilo que já vivi,
e que pelas mais diversas vezes eu me pergunte "o
que é que eu vim fazer aqui?" Inshallah, se eu
conseguir o meu segundo visto, ficarei aqui até
Fevereiro. No momento estou trabalhando em uma
organização chamada Badil Resource Center for
Palestinian Residency and Refugees rights,
cursando Árabe na Universidade de Belém e
morando no Aida Refugee Camp. Sinto que tenho
muita sorte de estar aqui e poder viver com pessoas
incrivelmente esperançosas e com um coração tão
grande e tão puro, mesmo com tantas infelicidades
e desgraças vividas. Aqui pude constatar que para
esse povo, muitas vezes a única esperança para a
vida é a fé e que essa fé move montanhas. Aqui a fé
impulsiona praticamente a totalidade das famílias a
se erguerem dia após dia. Aqui eles não desistem;
aqui eles resistem. Aqui a vida e os sonhos podem
até parar no muro, a poucos metros, e muitas vezes
centímetros das casas desses tantos refugiados, mas
eles seguem as suas vidas, esperançosos de que um
dia as chaves que eles guardam com tanto amor
possam reabrir as portas daquilo que nos, tão
simplesmente e muitas vezes levianamente,
chamamos de vida.
No Deserto de Marsaba
Esse relato é uma experiência pessoal contendo apenas opinião própria da autora. Esclarecendo que sua
posição em relação a Israel é anti sionista e não anti semita.
E x p l o r a W e b M a g a z i n e 17