próximo ano, pois aqui nada, nunca, depende
apenas deles, nem os próprios sonhos.
Antes de vir para o Summer Camp, ainda
casa, eu me questionava sobre todas essas
perguntas, e queria fazê-las aos palestinos.
Contudo, algo estranho aconteceu quando cheguei
e me deparei com todos eles ao meu redor: eu não
conseguia me aproximar e ter um diálogo, o mais
simples que fosse, com nenhum deles. Foi mais ou
menos a mesma sensação de quando gostamos de
alguém e esse alguém não sabe e estamos
preparando o momento para contar, porem chega
na hora H e não conseguimos dizer nem uma
palavra sequer, mesmo tendo treinado dias e dias
para esse momento. Eu demorei mais de uma
semana para conseguir me soltar e perceber que
eles são "gente como a gente", claro, com todas as
inúmeras diferenças de realidade e mundos do
avesso, mas que no fundo são todos jovens com
seus vinte e poucos anos que querem se divertir,
como eu, querem ser jovens, assim como eu.
Apenas com a diferença de que eles tem mais
experiências de vida que eu e todos os meus amigos
juntos, ou pelo menos, tem experiências mais
"profundas", se assim posso descrever experiências
profundas como passar anos das suas juventudes
em uma prisão israelense, mas não por cometer um
crime como em qualquer outro lugar do mundo,
como matar ou roubar, mas por tacar pedras no
muro ou por participar de protestos contra a
ocupação ilegal israelense ao invés de estar na
universidade, indo a festas e participando de
encontros acadêmicos. Eu poderia escrever umas
vinte páginas sobre a terrível situação dos
palestinos nas prisões israelenses e sobre como as
leis internacionais não vigoram por aqui, mas
deixamos para uma próxima.
Ao longo dos dias no Summer Camp fomos
escutando histórias sobre a realidade do povo
palestino, e a cada palestra, a cada conversa,
abordávamos um tópico diferente. A cada dia que
passava, mesmo obtendo cada vez mais
informações, nos tínhamos mais e mais dúvidas.
Tudo aqui é muito complexo: as leis internacionais,
as leis civis e militares, como elas se aplicam aos
palestinos, as fronteiras, a forma de governo, a
questão da demolição ilegal das casas ou a questão
do ir e vir. E nós todos percebemos algo em comum:
quando falávamos que íamos fazer um trabalho
voluntário, logo pensávamos que íamos ajudar
Interação e atividades
com a população local
“(...) mesmo com razoes distintas, nós todos tínhamos uma coisa em comum: sede
de aprender e de compreender o cenário que estávamos vendo com nossos próprios
olhos. Sede de aprender (...) o que é ser refugiado na sua própria pátria (...)”
E x p l o r a W e b M a g a z i n e 15