Explora Web Magazine Ano II Volume V | Page 15

próximo ano, pois aqui nada, nunca, depende apenas deles, nem os próprios sonhos. Antes de vir para o Summer Camp, ainda casa, eu me questionava sobre todas essas perguntas, e queria fazê-las aos palestinos. Contudo, algo estranho aconteceu quando cheguei e me deparei com todos eles ao meu redor: eu não conseguia me aproximar e ter um diálogo, o mais simples que fosse, com nenhum deles. Foi mais ou menos a mesma sensação de quando gostamos de alguém e esse alguém não sabe e estamos preparando o momento para contar, porem chega na hora H e não conseguimos dizer nem uma palavra sequer, mesmo tendo treinado dias e dias para esse momento. Eu demorei mais de uma semana para conseguir me soltar e perceber que eles são "gente como a gente", claro, com todas as inúmeras diferenças de realidade e mundos do avesso, mas que no fundo são todos jovens com seus vinte e poucos anos que querem se divertir, como eu, querem ser jovens, assim como eu. Apenas com a diferença de que eles tem mais experiências de vida que eu e todos os meus amigos juntos, ou pelo menos, tem experiências mais "profundas", se assim posso descrever experiências profundas como passar anos das suas juventudes em uma prisão israelense, mas não por cometer um crime como em qualquer outro lugar do mundo, como matar ou roubar, mas por tacar pedras no muro ou por participar de protestos contra a ocupação ilegal israelense ao invés de estar na universidade, indo a festas e participando de encontros acadêmicos. Eu poderia escrever umas vinte páginas sobre a terrível situação dos palestinos nas prisões israelenses e sobre como as leis internacionais não vigoram por aqui, mas deixamos para uma próxima. Ao longo dos dias no Summer Camp fomos escutando histórias sobre a realidade do povo palestino, e a cada palestra, a cada conversa, abordávamos um tópico diferente. A cada dia que passava, mesmo obtendo cada vez mais informações, nos tínhamos mais e mais dúvidas. Tudo aqui é muito complexo: as leis internacionais, as leis civis e militares, como elas se aplicam aos palestinos, as fronteiras, a forma de governo, a questão da demolição ilegal das casas ou a questão do ir e vir. E nós todos percebemos algo em comum: quando falávamos que íamos fazer um trabalho voluntário, logo pensávamos que íamos ajudar Interação e atividades com a população local “(...) mesmo com razoes distintas, nós todos tínhamos uma coisa em comum: sede de aprender e de compreender o cenário que estávamos vendo com nossos próprios olhos. Sede de aprender (...) o que é ser refugiado na sua própria pátria (...)” E x p l o r a W e b M a g a z i n e 15