expanda | Page 12

Caderno Cultural

por Artur Ferreira

O terceiro travesseiro

Duas palavras na humilde opnião desse que vos escreve podem descrever esse livro que em pouquissimo tempo se tornou um best-seller: Real e Intenso. Real porque eu ou você poderiamos ser Marcus ou Renato ou até mesmo Beatriz. Real porque vemos muitos Marcus e Renatos por ai sem sabermos quem são, vemos ainda mais pais de Marcus e pais de Renatos por ai sem nem suspeitar de nada. Intenso porque da primeira até a última página nos leva a diferentes picos de sentimentos, de amor, de ódio, de nojo, de tristeza e qualquer outro sentimento humano. O livro tem uma trama ousada pela escolha do escritor em minunciar a realidade de do casal. Nelson não tem medo de escrever sobre coisas que as vezes são postas de baixo do pano como sexo, muito sexo explicito, e rituais religiosos cheios de preconceitos absurdos. Uma linguagem nua e crua, que não se importa muito, para não dizer nada, com a estética e principalmente não se importa em agradar. Talvez seja por isso que o livro tem recebido de uma sociedade preconceituosa e hipocrita muitas criticas. O livro, que já ganhou uma adaptação para o teatro em 2005, serviu de inspiração também para o filme “Eu Te Amo Renato” e o autor promete uma continuação pela qual os fãs esperam anciosamente visto que o desfecho da trama, é, assim como cada pedaço do livro, intenso e acima de tudo real.

Menino Brinca de Boneca?

A montagem do Grupo Parada Artística do IFF Campus Itaperuna tem teor cômico e ácido debatendo de forma leve as desigualdades de gênero e os preconceitos nossos de cada dia contra meninas e meninos. Baseada no livro de mesmo nome de Marcos Ribeiro adaptado e dirigido por Gleiciane Lage o espetáculo foi remontado novamente no campus durante o II Salto, contando no elenco com os novos membros do grupo. Dona Marina (personagem de Artur Ferreira) é uma dona de casa tipica e tradicional cheia dos nossos velhos preconceitos sociais, cria seus dois filhos (interpretados por Karen Meirelles e Léo Junio) com todos os dogmas da tradicional família brasileira. O conflito se dá com a chegada de sua vizinha e amiga Débora (personagem de Ana Carolina Fonseca) que mostra a amiga que nem tudo é bem como parece. A trama põe em jogo a discussão de diversas atitudes preconceituosas que parecem a principio tão inofensivas e normais.

And may the best woman win

RuPaul’s Drag Race, a corrida das rainhas americanas. O reallity norte-americano tem se tornado muito popular desde 2010 quando a cultura DRAG começou a ascender nos E.U.A. e logo depois no Brasil. O programa deu uma grande alavancada cultural no meio LGBT e um dos precursores do movimento libertacional que tem se visto na cena gay ultimamente. As drag queens se tornaram um fenômeno e a febre da noite gay nos grandes centros principalmente. RuPaul’s escracha esse mundo de porpurina, gliter, glamour, e muita força na peruca para lidar com as pressões sociais e mais diversos tipos de preconceito que são aumentados da mesma forma que o brilho no rostos dessas rainhas.

O seriado guiado pela Queen negra, famosa modelo drag norte americana, que vem de uma história sofrida de preconceitos de todos os tipos imagináveis, que da nome ao programa, RuPaul, a queen guia e testa suas garotas até sobrar apenas a estrela das estrelas que além dos prêmios oferecidos pelo concurso ganha fama e eternização que é dada pelos fãs do programa. Fãs esses que apostam alto em suas favoritas e ganhem elas ou não serão para sempre as suas queens. É assim que o reallity que por uns é visto como sensacionalista e patético tem sido um meio poderoso de representação do movimento LGBT nas mídias e além disso expandido ainda mais os movimentos de libertação das minorias, não só da população gay ou trans mas, indo muito além das fronteiras e sendo instrumento de empoderamento de pessoas até então esquecidas e jogadas em guetos da vida.