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A Árvore Iroko
Sendo a primogênita plantada na terra para pro-
teção dos seres humanos, essa árvore está ligada aos
quatros elementos, água, terra, fogo e ar, é a essência
reprodutiva da vida, do poder fértil da terra, e está
ligada a Oduduwa, a longevidade é a sua essência, a re-
produção da vida, do poder da terra, a vida ter sentido,
tendo durabilidade, para nós adeptos das tradições reli-
giosas de matrizes africanas, quanto mais idade, melhor
foi aproveitada a oportunidade de estar aprendendo a
cada momento no corpo, pois nosso corpo é o nosso tem-
plo.
Representa a ancestralidade, os nossos antepassa-
dos, pais, avós, bisavós, e assim por diante, representa
também o seio da natureza, a morada dos Orixás. Desres-
peitar a grande e primeira arvore (Iroko) é o mesmo que
desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue
dentro da continuidade da existência. É a memória cole-
tiva de um povo, e a oralidade deste, para a segurança
de sua história.
Sua morada em África é Milicia excelsa, chamada
“amoreira africana” na África de língua portuguesa. En-
contrada na Serra Leoa à Tanzânia. No Brasil, Iroko
habita a gameleira Branca (Ficus insipida), é conhecida
também como Jitó/Gitó. Esta árvore tem funções terapêu-
ticas em: vermífugo, purgativo, depurativo do sangue e
antissifilítico.
Assim como a juventude que tem em seus mais
velhos, os orientadores do que serão a partir do seu
nascimento, tem em todo ser humano adulto o que será o
disparador e educador deste jovem dentro da circulari-
dade em aprendizagem no existir. Cada um/uma poderá an-
dar em vários caminhos até chegar o momento em retornar
ao ponto inicial e deixar seu registro para os que vie
rem depois. Está relacionado também às trocas de ener-
gias, experiências, cortesias, ensinamentos, gentilezas
e agrados dentro das relações humanas com a criação,
no sentido universal de sermos parte integrante da Na-
tureza.
Visualizando esta energia na atualidade dos ter-
ritórios sagrados, é lembrar dos valores estabelecidos
entre os adeptos, onde muitas vezes um mais velho dentro
da tradição, poderá ser uma pessoa mais nova na idade
física. Um ensinamento dado para a comunidade (Egbé),
poderá ser algo que está sendo passado há mais de mi-
lhares de anos, sendo assim considerado um início an-
cestral, onde o nascer não se refere a idade ou o ano
em que nasceu na terra. O crescimento também não tem
função fisiológica e sim espiritual diante da egbé, e o
viver intensamente tem mais valor. Ter caminhos diversos,
sentidos e experimentos, leva o ser humano a entender o
que faz e para onde deve direcionar suas energias.
Essa juventude tem suas necessidades e vontades
quanto em plena atividade urbana, e não estamos con-
seguindo dar a ela o devido valor e ensinamento, o que
os lev