Ewe O conto das Folhas Sagradas Livro Ewe o conto das folhas | Page 39

A Árvore Iroko Sendo a primogênita plantada na terra para pro- teção dos seres humanos, essa árvore está ligada aos quatros elementos, água, terra, fogo e ar, é a essência reprodutiva da vida, do poder fértil da terra, e está ligada a Oduduwa, a longevidade é a sua essência, a re- produção da vida, do poder da terra, a vida ter sentido, tendo durabilidade, para nós adeptos das tradições reli- giosas de matrizes africanas, quanto mais idade, melhor foi aproveitada a oportunidade de estar aprendendo a cada momento no corpo, pois nosso corpo é o nosso tem- plo. Representa a ancestralidade, os nossos antepassa- dos, pais, avós, bisavós, e assim por diante, representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás. Desres- peitar a grande e primeira arvore (Iroko) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue dentro da continuidade da existência. É a memória cole- tiva de um povo, e a oralidade deste, para a segurança de sua história. Sua morada em África é Milicia excelsa, chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. En- contrada na Serra Leoa à Tanzânia. No Brasil, Iroko habita a gameleira Branca (Ficus insipida), é conhecida também como Jitó/Gitó. Esta árvore tem funções terapêu- ticas em: vermífugo, purgativo, depurativo do sangue e antissifilítico. Assim como a juventude que tem em seus mais velhos, os orientadores do que serão a partir do seu nascimento, tem em todo ser humano adulto o que será o disparador e educador deste jovem dentro da circulari- dade em aprendizagem no existir. Cada um/uma poderá an- dar em vários caminhos até chegar o momento em retornar ao ponto inicial e deixar seu registro para os que vie rem depois. Está relacionado também às trocas de ener- gias, experiências, cortesias, ensinamentos, gentilezas e agrados dentro das relações humanas com a criação, no sentido universal de sermos parte integrante da Na- tureza. Visualizando esta energia na atualidade dos ter- ritórios sagrados, é lembrar dos valores estabelecidos entre os adeptos, onde muitas vezes um mais velho dentro da tradição, poderá ser uma pessoa mais nova na idade física. Um ensinamento dado para a comunidade (Egbé), poderá ser algo que está sendo passado há mais de mi- lhares de anos, sendo assim considerado um início an- cestral, onde o nascer não se refere a idade ou o ano em que nasceu na terra. O crescimento também não tem função fisiológica e sim espiritual diante da egbé, e o viver intensamente tem mais valor. Ter caminhos diversos, sentidos e experimentos, leva o ser humano a entender o que faz e para onde deve direcionar suas energias. Essa juventude tem suas necessidades e vontades quanto em plena atividade urbana, e não estamos con- seguindo dar a ela o devido valor e ensinamento, o que os lev