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Laroyê, Esú! Esú Mirim ê mo jubá!

Mirim são espíritos da linha de esquerda, da linha de exu, que trabalham em conjunto com estas nos cuidados dos assuntos terrenos dos humanos. Nas tradições de matriz africana não se inicia um trabalho sem saudar a exu, pois eles que vão levar aos Orixás nossos pedidos, causas, angústias e êxitos.
Em especial, cuida também de nossas intenções, do poder do pensamento, transformação e nos auxilia no desenvolvimento intelectual e amadurecimento. Sendo assim, ao comando destas energias, exu nos traz o vigor da existência, elebara( Exu) nos estimula a vivê-las e mirim nos traz as situações para praticá-las, por isso associamos a eles o esplendor da juventude.
Outra causa importante tratada por Mirim é a força de“ desocultar” campos de energia negativas que impeçam, ou tenham a intenção de impedir e embaralhar a mente e evolução de causas ou alguém, por esta questão, são grandes auxiliadores e incentivadores nas causas sociais, ajudando os que atuam no cuidado de quem se encontra afastado( a), oprimido( a) ou se sente incapacitado( a) de vivenciar seus direitos humanos.
Portanto, iniciamos esta série falando sobre a cultura da criminalização, vivida especialmente nas regiões periféricas da cidade, e as construções sociais que se formam baseadas nas diversas culturas que a sociedade pratica para catalogar e adjetivar tudo que é criado ou criatura, bem como nós pessoas sociais e indivíduos. Estes temas são de grande relevância para nós, uma vez que nossa tradição nos chegou trazida nestas condições, vistas como marginais e impuras, assim como nossos antepassados, negros( as) escravizados( as) que foram isentos de quaisquer direitos humanos no trajeto e na vivência nessas terras, condições que até hoje são presenciadas e cruelmente vivenciadas nos meios sociais, sobretudo nas periferias urbanas, onde sabemos que o julgamento dos crimes tem idade, cor, classe e por vezes, religião. por Thais Prado.