Edição n.º 193 do Jornal do MURPI A VOZ DOS REFORMADOS – JANEIRO/FEVEREIRO 2025 | Page 7

Em Destaque
• A taxa de pobreza dos idosos subiu quatro pontos percentuais , passando de 17,1 por cento , em 2022 , para 21 , 1 por cento , em 2023 .
• 21,1 por cento dos portugueses com mais de 65 anos foram considerados pobres em 2024 .
• O número de pensões inferior a 763 , 89 euros era no final de 2024 de 1 560 960 , 80 por cento das quais encontrava-se abaixo do limiar da pobreza .
• Em Portugal mais de dois milhões de pessoas não têm dinheiro para aquecer os lares .
4 A Voz dos Reformados | Janeiro / Fevereiro 2025

Em Destaque

O risco de pobreza entre os idosos cresce todos os dias

A atualização extraordinária das pensões para este ano , aprovada na Assembleia da República e estipulada na Lei 53B / 2006 , não dá resposta à necessidade de melhorar as condições de vida dos reformados e pensionistas , nem mesmo repõe o poder de compra , adverte a Confederação Nacional de Reformados , Pensionistas e Idosos – MURPI .
Por exemplo , uma pensão de 500 euros em Janeiro teve um aumento de 19,25 euros , enquanto uma pensão de 1100 euros recebe mais 40,23 euros . Os que recebiam 1600 euros e 3800 euros , respetivamente , passaram a receber mais 72,25 euros e 70,30 euros . Tendo em conta que esta atualização « não vai alterar o quadro de empobrecimento progressivo dos reformados e idosos », o MURPI propôs o aumento de todas as pensões em cinco ( 5 ) por cento , num mínimo de 70 euros , e a criação de dois novos escalões de pensões para que quem trabalhou e sempre fez os seus descontos possa ter uma pensão digna .
Aumento insuficiente Num outro documento , assinala-se que o aumento de 3,8 por cento nas pensões , acordado pelo PS , PSD e CDS [ que não abrange todas ] é insuficiente , face ao agravamento do custo de vida em 2025 .
Entretanto , várias outras propostas , em diversas áreas e de carácter positivo , indo ao encontro do Caderno Reivindicativo do MURPI , foram apresentadas e debatidas no âmbito do Orçamento do Estado para este ano , mas , infelizmente , não mereceram a aprovação da maioria . « Mais uma vez os reformados têm de optar entre comer inadequadamente e adiar a compra dos medicamentos prescritos para o controlo e alívio do sofrimento », refere a Confederação , manifestando preocupação com a pioria das « condições de acesso aos serviços de saúde : centros de saúde e urgências hospitalares ». « O fecho de urgências e o desrespeito dos tempos de resposta nas urgências são atentados à vida humana », considera o MURPI . Outro problema prende-se com o acesso a habitações condignas devido ao aumento das rendas e aos custos energéticos , sendo Portugal o país europeu com mais dificuldade em aquecer as casas .

Testemunhos sofridos

« Os aumentos feitos em Janeiro aos reformados já foram consumidos pelo agravamento dos preços . Com o brutal aumento dos combustíveis , os bens de primeira necessidade , como a fruta , os legumes , o leite , a carne , ficarão ainda mais caros , face aos custos com a produção e com os transportes . Hoje fui à praça e o peixe teve um grande aumento . Mas o primeiro-ministro diz que é alarmista o que se diz sobre estes aumentos , mas para pagar vencimentos milionários a “ amigos ” tudo bem ».
Alexandre Matias
« Convidei uma amiga para tomar um cafezinho . Conversa atrás de conversa e após pedir a conta , verificámos que o preço tinha subido 0,10 euros . Questionámos o empregado , que , muito solícito , disse-nos que no restaurante ali ao lado tinha aumentado 0,30 euros . Isto é uma loucura ! A minha amiga foi ao Porto ver uma tia doente e o comboio Alfa Pendular também tinha aumentado 1,00 euro . Segundo se sabe , os produtos alimentares subiram 27 por cento . O que fazer ? Isabel Leal
« Os reformados , pensionistas e idosos foram aumentados 3,8 por cento , mas a massa esparguete aumentou 9 por cento , o bife de peru 6 por cento e o arroz 5 por cento . O dinheiro não dá até ao meio do mês . Se não fosse a Comissão Unitária de Reformados , Pensionistas e Idosos da Charneca da Caparica , não sei o que seria de muitos de nós ».
Guilherme
Ainda o mês vai a meio e o aumento que a “ Ana ” recebeu na magra pensão , que não chega a 500 euros , já tinha sido engolido pelo custo de vida que não para de aumentar . Na esplanada do café , o tema deu asas à conversa : « Trabalhei uma vida inteira e agora ando a contar tostões para comer ; Veja bem que paguei mais dois euros por quilo de pescada do que costumava pagar ». « Bem sei do que fala , vamos ao supermercado , trazemos três coisas e lá se vão 20 euros », respondeu a amiga . « É que nem o pão escapa , que é o alimento dos pobres . E o azeite que está pela hora da morte ?», acrescentou Ana , que diz já não ter « saúde nem força » para « andar a atrás de promoções ». A sua revolta não parou por ali , uma vez que o seu País não a protege na velhice , depois de ter contribuído e trabalhado uma vida inteira : « As grandes empresas arrecadam milhões de euros de lucros e nós mirramos na solidão e na míngua . Não foi para isto que se fez o 25 de Abril , certamente !». Cecília Neves

• A taxa de pobreza dos idosos subiu quatro pontos percentuais , passando de 17,1 por cento , em 2022 , para 21 , 1 por cento , em 2023 .

• 21,1 por cento dos portugueses com mais de 65 anos foram considerados pobres em 2024 .

• O número de pensões inferior a 763 , 89 euros era no final de 2024 de 1 560 960 , 80 por cento das quais encontrava-se abaixo do limiar da pobreza .

• Em Portugal mais de dois milhões de pessoas não têm dinheiro para aquecer os lares .

Alargar a rede pública de lares

O MURPI e a Inter-Reformados / CGTP-IN entregaram na Assembleia da República uma petição com mais de 12 mil assinaturas a exigir uma rede pública de lares e o reforço do apoio aos idosos que permaneçam em casa . O documento já deu entrada à mais de seis meses , mas a discussão em plenário ainda não foi agendada . Num artigo intitulado « Envelhecer com dignidade », Joaquim Gonçalves , da Direção do MURPI , defendeu , entretanto , que a « utilização de imóveis do Estado » poderia aumentar « a resposta quanto ao número de vagas e a qualidade necessária para responder aos idosos ». Esta poderia ser uma das respostas a ser dada , até porque « as residências permanentes para idosos não chegam , pois nem todos têm recursos para pagar as existentes , principalmente os idosos que recebem pensões abaixo do limiar da pobreza », afirmou . Na opinião do dirigente do MUR- PI , « este é um tema que se cruza com a saúde pública », existindo « centenas de camas ocupadas em hospitais públicos com idosos que têm alta médica e não têm para onde ir ».