Em foco
2 A Voz dos Reformados | Novembro / Dezembro 2024
Em foco
António Borges Coelho
( 1928 )
António Borges Coelho nasceu a 7 de Outubro de 1928 , em Murça , Trás-os-Montes . Professor Catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa e um dos historiadores portugueses mais prestigiados . Tem-se dedicado à investigação no campo da História desde 1957 , destacando-se as obras A Revolução de 1383 ( 1965 ), Portugal na Espanha Árabe ( 1972 ) e os vários volumes de Questionar a História ( desde 1983 ). Com Portugal na Europa das Luzes ( 2022 ) conclui a edição da História de Portugal . É autor de uma vasta e riquíssima bibliografia , em que se inclui também a poesia , a ficção , o ensaio e o teatro . No campo da poesia , publicou Roseira Verde ( 1962 ), Fortaleza ( 1974 ), No Mar Oceano ( 1983 ) e Ao Rés da Terra ( 2001 ). Na ficção , publicou Tempo de Lacraus ( 1999 ) e Youkali ( 2005 ). Recentemente , foi editado Crónicas e Discursos ( 2024 ). Resistente antifascista , esteve preso na Cadeia do Forte de Peniche , entre 1957 e 1962 . Foi agraciado com a Ordem de Santiago e com a Ordem da Liberdade e recebeu , em 2018 , o prémio Universidade de Lisboa .
Sou Barco
Sou barco abandonado Na praia ao pé do mar E os pensamentos são Meninos a brincar Ei-lo que salta bravo E a onda verde-escura Desfaz-se em trigo De raiva e amargura
Ouço o fragor da vaga Sempre a bater ao fundo Escrevo , leio , penso
Passeio neste mundo De seis passos E o mar a bater ao fundo
Agora é todo azul Com barras de cinzento E logo é verde , verde Teu brando chamamento Ó mar , venha a onda forte Por cima do areal E os barcos abandonados Voltarão a Portugal .
Poema escrito durante a sua prisão política na cadeia do Forte de Peniche e que foi musicado e cantado por Luís Cília e também por Adriano Correia de Oliveira .
Território
Num território igual à própria cama sepultados vivemos .
E os dias correm fechados de ameaça . Basta um riso um cântico que os lábios passe .
Se vislumbram sintomas de fraqueza : mais fogo sobre a Fortaleza !
- Aceita a mão que te castiga ! – dizem com olhos sujos . A raiva faz-nos cócegas na barriga .
Todos os dias passam a revista para ver se a tortura foi bastante .
Se voz de fora rompe o muro de silêncio e chega sabemos que a pátria chora e sangra mas navega . in Fortaleza , 1974
MURPI na luta com os trabalhadores
O MURPI juntou-se aos muitos milhares de pessoas que se manifestaram no dia 9 de Novembro , em Lisboa e no Porto , no culminar da « Ação Nacional de Mobilização , Reivindicação e Luta », promovida pela CGTP-IN . Na resolução aprovada refere-se que « a situação do País continua marcada pelo agravamento das condições de vida da maioria da população , fruto dos baixos salários e reformas e do aumento do custo de vida , onde a habitação e a alimentação assumem um peso esmagador . Ao mesmo tempo , os grandes grupos económicos acumulam cada vez mais riqueza à custa da exploração .» O aumento dos salários para todos os trabalhadores em , pelo menos , 15 por cento , não inferior a 150 euros , e do valor das pensões de reforma , de modo a repor e melhorar o poder de compra dos reformados e pensionistas , a par do reforço do investimento
a voz dos reformados
Jornal dos Reformados , Pensionistas e Idosos
Diretor : Casimiro Menezes • Conselho Editorial : Casimiro Menezes , Joaquim Gonçalves , Manuel Passos , Manuel Pinto André , Maria Amélia Vicente , Maria Isabel Gomes , José Núncio e José Alberto Pereira Pitacas Chefe de redação : Miguel Inácio • Colaboradores : Anita Vilar , António Bernardo Colaço , Conselho Português para a Paz e Cooperação ( CPPC ), Coutinho Duarte , Isabel Quintas , José Manuel Sampaio e Manuel Cruz • Design Gráfico : Fernando Martins • Propriedade , Administração e Redação : Confederação Nacional de Reformados , Pensionistas e Idosos / MURPI ( 70.000 sócios ) • Rua de Ovar , Lote 548 - 1 .º C , 1950-214 Lisboa • Telf .: 218 596 081 • Email : murpi @ murpi . pt • Site : http :// www . murpi . pt . Impressão : MX3 , artes gráficas - Pq . Ind . Alto da Bela Vista - Sulim Parque , 2735-340 Agualva Cacém - Telf .: 219 171 088 Assinatura anual : 5,00 € € € • Periodicidade : Bimestral • Tiragem : 2.000 exemplares . Isento de registo no ICS ao abrigo do Decreto Regulamentar 8 / 99 de 9 de Junho , 12 .º, n .º 1 a ) • NIF : 500816794 • Depósito Legal n .º 67124 .
Exposição « Resistência e Liberdade »
Museu Nacional Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche
A exposição « Resistência e Liberdade » ( de longa duração ) presta homenagem à resistência , múltipla , transversal e heroica do povo português , contra o regime nos serviços públicos , nas funções sociais do Estado , no Serviço Nacional de Saúde , na Escola Pública , na Segurança Social , na Justiça e na valorização dos trabalhadores da Administração Pública , para assegurar melhores serviços às populações , são algumas das reivindicações .
Sugestões Culturais
repressivo e ditatorial que subjugou o País durante 48 anos . Apresenta os diversos movimentos de resistência expressos em milhares de pequenas e grandes ações , realizadas por todos os setores da sociedade e em todos os espaços territoriais reprimidos pelo regime , até culminarem na Revolução de 25 de Abril de 1974 , que restituiu ao povo o direito a viver em liberdade e o poder para decidir o seu destino . A exposição pretende sensibilizar as gerações pós-25 de Abril para a Liberdade como um direito a defender e a conquistar diariamente .
Setúbal No dia 4 de Outubro , o MURPI participou no XII Congresso da União de Sindicatos de Setúbal , que decorreu , no Cineteatro Municipal de Sesimbra , sob o lema « Aumentar salários , garantir , conquistar direitos e combater a exploração ».
Forte de Peniche , Memória , Resistência e Luta
União dos Resistentes Antifascistas Portugueses , 5 .ª edição , 2019
Este livro tem como propósito « dar à estampa e divulgar um muito amplo e diversificado conjunto de textos e elementos informativos que , abrangendo outros temas sobre a Fortaleza , dão natural destaque à génese e desenvolvimento deste movimento de opinião e sobretudo às desumanas e vingativas condições enfrentadas pelos presos políticos , às suas lutas e à sua coragem e dignidade sempre reafirmadas , à solidariedade que receberam os que muito sofreram numa cadeia que foi parte integrante do cruel e poderoso aparelho repressivo do fascismo português ».