Edição n.º 184 do Jornal do MURPI A VOZ DOS REFORMADOS – JULHO/AGOSTO 2023 | Page 4

Em foco
EDITORIAL
Julho / Agosto 2023 | A Voz dos Reformados 3

Em foco

Rede de equipamentos e serviços de apoio à terceira idade é uma prioridade

A Confederação Nacional de Reformados , Pensionistas e Idosos – MURPI continua a lutar por uma rede de equipamentos e serviços de apoio à terceira idade , bem como por estruturas residenciais para suprir as necessidades e carências de apoio a terceiros .
A criação de uma Rede Pública de Equipamentos Sociais de apoio aos idosos deve responder às necessidades específicas , com garantia de qualidade e de respeito pela dignidade dos que não têm outra alternativa do que ir para um lar ou residência de idosos . Fundamental é , também , a diversificação das valências necessárias para o apoio às necessidades específicas dos mais idosos , incluindo as que permitam que estes se mantenham nas suas casas , de preferência até ao fim das suas vidas .
Programa de Ação A exigência consta no Programa de Ação do MURPI , aprovado em Congresso realizado em Junho de 2022 , onde se reivindicam , igualmente , estruturas residenciais que se destinam a suprir as necessidades e carências de apoio de terceiros , no respeito pela sua autonomia , garantindo o convívio e a fruição saudável dos tempos livres e a sua livre participação social , cívica e cultural .
a voz dos reformados
Jornal dos Reformados , Pensionistas e Idosos
A constituição e o funcionamento desta rede de equipamentos e serviços de apoio deve ser , na perspectiva da Confederação , uma rede pública , construída e gerida pelo Estado através da Segurança Social , que permita assegurar a todos os idosos o acesso em condições de igualdade e justiça social , com custos adequados à sua situação económica e financeira , sendo que a atual rede de equipamentos
sociais com o estatuto de IPSS deve constituir uma rede complementar à rede pública de apoio social a ser gerida pelo Estado .
Perguntas e respostas Em nota intitulada « rede de equipamentos e serviços de apoio à terceira idade », de Junho passado , a Direção do MURPI interroga : « Por que se ocupa , mais do que o tempo necessário , camas nos hospitais pelos mais idosos , com
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Errata
Na última edição deste jornal , na peça « Eu nunca me senti só , porque andei sempre na luta » ( página 3 ), faltou dizer que Maria Vilar foi presidente da Direção do MURPI entre 2001 e 2005 . Pela imprecisão pedimos desculpa aos nossos leitores .
Casimiro Menezes

EDITORIAL

A saúde que precisamos

Os reformados , pensionistas e idosos – e demais população – encontram-se confrontados com novas ameaças sobre o acesso aos cuidados de saúde , que são difíceis e por vezes inexistentes , colocando em causa o legítimo direito à saúde . O Serviço Nacional de Saúde ( SNS ), criado em Setembro de 1979 , está em deterioração progressiva , na sequência de políticas governamentais do PS , PSD e de outras forças políticas de direita , que promoveram e promovem políticas de desinvestimento e actos de gestão danosos , agravando as condições de trabalho dos profissionais de saúde . Esta ação deliberada tem visado a transferência progressiva de recursos humanos , tecnológicos e financeiros para o sector privado da saúde , que beneficia das capacidades instaladas em concorrência abusiva com o setor público . Dados recentes , revelados pela PORDATA , afirmam que a grande maioria ( 90 por cento ) das pessoas com 65 ou mais anos têm a reforma ou pensão como principal fonte de rendimento e que mais de 400 mil idosos , por auferirem o máximo de 551 euros mensais , encontram-se em risco de pobreza . Outros dados preocupantes ( segundo a mesma fonte ): cerca de meio milhão de idosos vivem sós ; dos 22 anos de esperança média de vida de uma mulher com 65 anos , apenas sete anos são de vida saudável . Nestas circunstâncias sociais , é imperioso assegurar o recurso aos cuidados de saúde do SNS , quer na sua vertente curativa , quer na prevenção da saúde . A falta de médicos de família e a exiguidade de outros recursos humanos torna difícil o acesso aos cuidados de saúde e a concretização de respostas necessárias . A falta de recursos humanos para dar resposta às necessidades crescentes resulta não só do desinvestimento traduzido no atropelo aos direitos dos profissionais da saúde e das suas carreiras profissionais ; os recursos atuais são escassos , exaustos pela sobrecarga horária e desmotivado por falta de incentivos que os valorizem profissionalmente . Os recursos humanos são sempre a mais-valia do SNS , e quando os seus problemas não são resolvidos os serviços de saúde deterioram-se e a capacidade para assegurar a sua função social e humanista fica comprometida . O SNS necessita urgentemente que se trave a sua deterioração progressiva com medidas que reanimem as funções de assistência médica regional e local , com a garantia da capacidade em dar resposta às necessidades em saúde , com a atribuição , a todos , do médico e do enfermeiro de família . Estes objetivos estão ao alcance da sua execução desde que se trave a transferência de recursos financeiros avultados no sector privado da saúde e valorizem as atividades desenvolvidas pelos atuais profissionais da saúde , porque o respeito que lhes é devido é condição necessária e bastante para retomar a força do SNS .