ED I TOR IA L
Mineração
diante da geopolítica em mutação
Em outubro passado, a consultoria S&O Global realizou seu painel
anual chamado Global Mining Outlook, diante do otimismo moderado que
parece tomar conta da indústria global de mineração — que, entretanto,
tem dúvidas de quanto tempo esta tendência positiva pode perdurar.
Cinco questões dominaram as discussões do painel: em vista de
demanda crescente por metais básicos e preciosos — em particular,
da China — houve uma mobilização das mineradoras de grande porte
em detrimento das empresas júnior, que estão enfrentando escassez
de funding para projetos de exploração. Enquanto isso, a Barrick e a
Randgold arquitetaram uma fusão no valor de US$ 18 bilhões.
A queda de preços do ouro e do valor de capitalização das minera-
doras também tiveram impacto negativo no cenário, secando as fon-
tes de financiamento das empresas júnior e atrasando seus projetos
em fase de pesquisa geológica.
No painel, um analista apontou que a indústria global de mineração
teve pouco crescimento nos 20 anos recentes — antes da retomada
impulsionada pela China. Entretanto, a base de ativos minerais dobrou
de tamanho se comparado aos anos 2000 para a maioria dos commo-
dities e isso exige um fluxo proporcional de capital ingressando no setor.
Do lado positivo, os veículos elétricos e híbridos trouxeram mudan-
ças significativas ao aquecer a demanda por minerais como lítio, cobal-
to e níquel, imprescindíveis para as baterias recarregáveis. A consultoria
Statista estima um consumo de 252 mil t de carbonato de lítio em 2018,
que pode saltar para mais de 400 mil t em 2025 — se as previsões sobre
a expansão da frota de automóveis elétricos se confirmarem.
Há quem não acredite em mudanças de curto prazo na fortuna
desses metais. Um analista até arriscou uma previsão de que o níquel
precisaria ter alta de 50% ou mais — diante do preço atual de US$
12.320/t na bolsa de mercadorias de Londres — para atrair investi-
mentos substanciais das mineradoras em novas minas. A Vale parece
contradizer essa opinião ao decidir investir US$ 500 milhões na mina
de níquel em Nova Caledônia.
O ouro deixou de seguir qualquer lógica, após período de relativa
estabilidade de 2013 a 2018, cotado entre US$ 33.957 a US$ 44.577
por kg. Caiu em abril passado para US$ 42.464, atingindo US$ 38.627
em outubro, mas permaneceu na média dos preços extremos regis-
trados nos cinco anos recentes. No primeiro trimestre do ano, a de-
manda por ouro caiu 7% com relação ao quarto trimestre de 2017, o
mais baixo nível desde 2008.
O tom no painel organizado pela S&P era de cauteloso otimis-
mo. O desempenho da maioria dos metais em 2017 foi encorajador
— mas sem convencer os analistas, enquanto o ouro mantém seu
comportamento anômalo mas consistente, a despeito da tendência
ligeiramente negativa.
China foi destacado no painel pela voracidade agressiva que tem
mostrado no mercado global, especialmente na África, ao adquirir
diversas mineradoras, inclusive júnior e um volume crescente de me-
tais — envolvendo-se, ao mesmo tempo, com os países do continente
tanto em termos políticos como no âmbito geral da infraestrutura.
Suas estatais financiaram e executaram uma sucessão de megaproje-
tos, a exemplo da ponte inaugurada recentemente em Moçambique.
As mineradoras chamadas major são responsáveis hoje por 50%
dos projetos de exploração no mundo — enquanto que os projetos
das empresas júniores estão no seu nível mais baixo dos últimos 16
anos. Na África, enquanto as mineradoras ocidentais permanecem
quase como espectadores, as estatais chinesas continuam avançando.
A tradicional alavancagem das empresas júniores na descoberta de no-
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OUTUBRO / NOVEMBRO | 2018
Complexo Minero-Industrial
de Serra do Salitre, da Galvani
NOVA DATA: 21 E 22 DE MAIO DE 2019
Este cenário será o interessante pano de fundo para o X
Workshop de Redução de Custos na Mina e Planta — OPEX
2019, que a revista Minérios & Minerales programou para os
dias 21 e 22 de maio próximo, em Belo Horizonte (MG).
Como já é praxe, metade das palestras serão de minerado-
ras — num intercâmbio franco de experiências de sucesso. O
restante das palestras será de empresas fabricantes de equipa-
mentos e sistemas e fornecedores de tecnologias — que serão
as copatrocinadoras do workshop.
Ao final do primeiro dia, às 19 h do dia 21 de maio de
2019, vai acontecer a solenidade do 21º Prêmio de Excelência
da Indústria Minero-Metalúrgica Brasileira, cujo prazo de re-
cebimento dos trabalhos já se encerrou. O júri independente
formado pelo eng. José Mendo Mizael de Souza, prof. Arthur
Pinto Chaves e prof. Rotenio Castelo Chaves Filho vai selecio-
nar os projetos premiados até meados de janeiro próximo. De-
sejamos sucesso a todos os autores participantes!
vos depósitos minerais, vai beneficiar principalmente seus controlado-
res na China – deixando de fora mineradoras tradicionais do Ocidente,
com poucas exceções. É a nova geopolítica na mineração global — con-
forme o que pode se concluir das discussões no painel da S&P.
200 MAIORES MINAS EXPANDIU-SE PARA
600 MINAS BRASILEIRAS
Graças à colaboração do DNPM-MG, pudemos expandir a pesqui-
sa exclusiva de 200 Maiores Minas para 600 Minas Brasileiras, incluin-
do as minas das categorias grande, média e pequena no estado de
Minas Gerais identificadas pelo órgão. Por falta de espaço editorial, a
revista Minérios & Minerales excluiu as minas que produziram menos
de 10 mil t/ano. Expressamos nossos agradecimentos ao DNPM-MG
pelo apoio, na pessoa do Superintendente Pablo Cesar de Souza, e
Ivan Jorge Garcia, chefe do Serviço de Extensionismo Mineral, sem o
qual a pesquisa ampliada não teria sido possível.