Edição do dia 22 e 23 de junho de 2019 8.121 | Page 19
Martha Medeiros
Estigma
associado
ao nome
de Judas
Sinal
diacrítico
que indica
nasalação
Mencione
Inundado
Garantia exigida num
empréstimo
(?) de Ouro, em
inglês
fole, ins-
trumento
musical
típico da
Escócia
Elemento
abundante
na água
do mar
Nélson Ca-
vaquinho,
músico
brasileiro
Tecnologi-
camente
sofisticado
Fruto
exportado
pelo
Iraque
Flor-
símbolo da
simplicida-
de (Bíblia)
Diz-se da autoridade
que não se manifesta
quando é 52, em
necessário romanos
Boneca,
em inglês
Browser
anônimo
Era (?): iniciou-se em
1945 com o bombar-
deio de Hiroshima
Cerimonioso; formal
Funcio-
nário da
Receita
Aqui
Nicolau (?):
o último
czar da
Rússia
Uso do
gesso em Amêndoa
Ortopedia do coco
Princípio (poét.)
Ocorrência
especifi-
cada na
apólice de
seguro
Indicação
do geniti-
vo (Gram.)
Divindade
tupi do
trovão
Crustáceo
de carne
apreciada
Atividade materna
incentivada pela ONG
Amigas Masculino
do Peito (abrev.)
BANCO
Local de a-
limentação
do gado
Naipe de carteados
representado por
um trevo negro
Gato, em inglês
Matéria
brilhante
no interior
da concha
Ponto
(abrev.)
40
Solução
AR
Uma vez eu estava assistindo a um filme
americano no DVD, quando uma amiga da
minha filha chegou aqui em casa. Ela deu
um alô de longe, para não atrapalhar a
sessão, mas de repente algo chamou sua
atenção na TV, e em seguida ela me olhou
com uma expressão atônita. Achei que fosse
me revelar um segredo de Fátima, mas o
que ela me disse foi: “Tia, você não sabe?
Dá para assistir ao filme dublado!”. Aquele
“tia” não conseguiu estragar meu humor.
“Eu sei, querida, mas eu prefiro assistir
com legenda”.
A cara de espanto que ela fez, só ven-
do. Dava para ler seu pensamento: como
alguém pode preferir ver um filme com
legenda em vez de dublado??? Pois é.
Eu me rendo feliz às legendas, já que
meu inglês não é nenhum espetáculo. Mas
não é só por isso. Por melhores que sejam
nossos dubladores, perde-se a interpretação
original, o tom de voz, as interjeições. Fica
um troço frio. Dublada, qualquer obra de
arte parece filme de sessão da tarde. Vai
pro ralo a magia do cinema.
Legenda, ao contrário, permite o con-
fronto entre o que foi dito e o que foi com-
preendido. Temos acesso às duas versões.
Aliás, não seria nada mal se legendassem
algumas cenas da vida real, também.
Num antigo prédio onde morei, havia
um porteiro muito gentil, mas que falava um
idioma indecifrável. Vogais e consoantes
embolavam-se de tal modo que qualquer
coisa que ele dissesse parecia turco. O
senhor pode repetir, seu Gomes? Vorwitzj
shurtkwzç halytqjh. Sei, sei, obrigada, seu
Gomes. E eu entrava no prédio sem saber
se o elevador estava enguiçado, se a vizi-
nha havia cometido suicídio ou se tinham
assaltado meu apartamento.
Igualmente enigmáticos são certos
depoimentos de políticos. Falam em
português, sem dúvida, mas falta uma
simetria com os fatos apurados. “Esta
assinatura não é minha”. “Não tenho di-
nheiro em paraíso fiscal”. “Sou e sempre
fui um cidadão honesto”.
Legendas, please. Eu não compre-
ender.
Agora, intraduzíveis mesmo são os
diálogos entre marido e mulher. Ele diz
que vai se atrasar 10 minutos e ela con-
clui: ele tem outra. Ele diz que está com
saudade e ela retruca: então por que só
me ligou uma vez hoje? Ele diz que está
infeliz no emprego e ela: não vem com
frescura, o aluguel vai aumentar. Ele diz
que a ama e ela: “Repete”.
“Eu te amo”.
“Ah, diz de novo” .
“Te amo” .
“Mais uma vez”.
“Te amo, caramba!”
“Eu sabia, você não me ama mais,
se irrita por qualquer coisinha”.
Mas voltando ao assunto inicial desta
crônica: soube que o mercado cinema-
tográfico está colocando à disposição
um número cada vez maior de cópias
dubladas, não apenas de filmes infantis,
o que se explica, mas também de filmes
para adultos. E o público está aplaudindo
a tendência, pois, segundo pesquisa,
preferem mesmo assistir ao filme direto
em português. Uma pena. Entendo que
se queira facilitar a vida, mas quando se
quer facilitar demais, perde-se algumas
pequenas sofisticações, hoje cada vez
mais raras.
Poeta
parnasiano,
compôs os
versos do
"Hino à
Bandeira"
"Eu Te (?)",
filme de
Arnaldo
Jabor
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Vida com legendas
© Revistas COQUETEL
Qualidade essencial Iguaria de origem
a estadistas e CEOs marinha, é um dos
símbolos convencionais
de corporações
de riqueza
Taxa Referencial (abrev.)
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Dinalva Agissé é professora
de Língua Portuguesa na URI –
Campus Santo Ângelo. Integra a
Academia Santo-Angelense de
Letras. É colunista do Jornal O
Mensageiro. Seus poemas, contos
e crônicas são profundas reflexões
do quotidiano vivido, observado,
sentido e pressentido. É sua forma
Designação do
"efeito bola de neve"
Abrange Guarujá, Cu-
batão e Praia Grande
Recinto
secreto em
"O Nome
da Rosa"
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Os pingos foram caindo
Em conchas feitas de mão
Resgatei as minhas rimas
Que caíam lá de cima
Como gotas de algodão.
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
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Tombado em nuvem densa
Em algodoeira fusão
Recolheu as minhas rimas
E jogou-as lá de cima
Em chuvica de verão.
C r u z ad a s
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E o meu poema tão puro
Com palavras de algodão
Soprado em ventania
Sentiu minha agonia
Ao ver-me pequena no chão.
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Soprou o papel pros ares
A galgar altos andares
Feito tão leve balão.
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Mas um vento traiçoeiro
Se fazendo de faceiro
Fez as vezes de ladrão.
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Escrevi o poema mais puro
Com palavras de algodão
Papel jogado na grama
Entardecer de verão.
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Alves de Souza
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A utora: Dinalva Agissé
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RIMAS AO VENTO
de intervenção no mundo real
para um mundo sonhado. Tem
três livros publicados, além
de diversos trabalhos em
coletâneas.
O poema em pauta, “Ri-
mas ao vento”, é realmente um
poema de extrema candura,
com uma pureza só possível
à magia de rimas ao vento.
Mas que rimas são estas? Pois podemos
constatar a presença de rimas agudas, marca-
das identicamente pelo ditongo “ão” a desfilar
em todas as estrofes: “algodão, verão, ladrão,
balão, chão, fusão, mão”.
O Eu lírico define o poema como leve e puro,
justificado metaforicamente: “Escrevi o poema
mais puro, com palavras de algodão”. Tempo
e espaço aparecem simultaneamente, como
a leveza do poema “papel jogado na grama,
entardecer de verão”.
Entre narrativo e descritivo, encadeia-se a
riqueza imagética propiciada pelas figuras de
linguagem ao qualificar o vento como “traiçoeiro”,
“faceiro”, “ladrão”. Não tarda a prosopopeia e a
comparação no desenlace da ação: O vento “so-
prou o papel pros ares”. E o papel? E os versos,
as rimas, as palavras de algodão? Espalharam-se
no espaço “nos ares”, tudo como “um leve balão”.
Logo, os versos, as rimas, as palavras coloriram,
enfeitaram o universo alcançado.
E a poetisa, o seu Eu lírico? Permaneceu no
chão, “pequena”, agoniada, pois distante de seus
versos, de suas rimas, de sua poesia, sentiu-se
vazia, desnuda, nula.
Os versos, contudo, espalhados pelo ar, sol-
tos na amplidão, frutificaram, misturaram-se às
nuvens “em nuvem densa, em algodoeira fusão”:
poema – vento - nuvem – algodão. Como o poeta
é alguém que se completa ao dividir, socializar
sua poesia com o mundo, outras tantas rimas,
como chuvica de verão, caíram sobre a poetisa
a lhe encher as mãos, o coração, a alma.
Todas as rimas partilhadas são ternas e eter-
namente resgatadas para que um dia a poesia
tome terra, céu e mar, e faça dos humanos seres
de palavras e almas leves como algodão.
Amei muito teu doce poema, Dinalva! Pa-
rabéns!
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Guiomar Terra Batu dos Santos
S e gundo C aderno
3/cat — tor. 4/doll — gold — orto — tupã. 5/nácar. 10/olavo bilac.
São Luiz Gonzaga, 22 e 23 de junho de 2019