Edição Concessionárias nº570 OE_571_final | Page 4

E d i t o r i a l 2019 começa com leilão de aeroportos em março Na transição de governo mais transparente que se realizou na história da República, o governo Temer abriu as contas da União não só para o presidente eleito Jair Bolsonaro mas também à sociedade — além de elencar as soluções (amargas) inadiáveis. Qualquer cidadão pode acessar a série de estudos que mapeia os problemas fiscais do governo federal e das administrações esta- duais e municipais. A situação é sabidamente dramática. A União registra seu sexto ano de déficit primário nas contas, ou simplesmente, gastando mais do que arrecada em impostos. Como o déficit é de 2% do PIB, a União terá que gerar um superávit de 2% no próximo ano — atin- gindo no total 4% do PIB, um valor inimaginável de R$ 280 bilhões. Posto isso, a expectativa é de se iniciar um novo ciclo de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) no qual o governo se torna parceiro efetivo dos empreendedores privados — livran- do-se da obsessão histórica de não querer entregar a coisa públi- ca que julga sua, quando na realidade pertence à população. Em termos de infraestrutura, essa coisa púbica está degradada, sem manutenção à altura e prestando péssimo serviço. Sob o comando do PPI, há uma sequência de concessões em estudos nesse final de 2018 - após a publicação pelo governo Temer dos editais para concessão de 12 aeroportos, Ferrovia Nor- te-Sul e quatro terminais portuários. Uma das prioridades é a ligação entre a BR-381 e a BR-262, de Belo Horizonte (MG) até a divisa MG/ES, de 485 km; em ferrovias estão em pauta o Fer- rogrão e a Ferrovia da Integração do Centro-Oeste; além de 17 terminais portuários e um bloco de 10 aeroportos no Sul, que inclui Curitiba, Foz de Iguaçu e Londrina (PR). A Empresa de Planejamento e Logística (EPL), em conjunto Empresa amplia ETE no litoral do Paraná após contrato de locação de ativos à Sanepar 4 | | O u t u b r o / N o v e m b r o 2018 Obras no recém-concessionado Aeroporto de Florianópolis (SC) com a IFC do Banco Mundial, prevê concluir no segundo semestre de 2019 os estudos para publicar o edital da nova licitação da rodovia Dutra, além das concessões da BR-040 (Rio-Juiz de Fora) e BR-116 (Rio-Petrópolis). Os leilões podem sair em 2020. O banco dos Brics — o New Development Bank (NDB) — abre escritório em São Paulo (SP) no início de 2019 e quer expandir os financiamentos no País do patamar atual de US$ 621 milhões em projetos aprovados para algo em torno de US$ 2,5 bilhões até o final do próximo ano. A carteira atual total do NDB de US$ 6,5 bilhões também irá se expandir para cerca de US$ 14 a 17 bilhões no período. O Bndes quer dobrar o volume de recursos destinado à in- fraestrutura, para cerca de R$ 50 bilhões ao ano — quando a média tem sido de R$ 27 bilhões de 2016 a 2018, após o pico de R$ 69 bilhões em 2014. Esse montante não se restringe a ope- rações tradicionais, mas pode envolver estruturação de projetos e fomento ao mercado de capitais mediante garantias e fianças — modalidade essa que está inativa. Quanto à discussão que ameaça se alongar sobre a renovação antecipada de algumas concessões ferroviárias mediante amplia- ção dos investimentos futuros, o debate mostra a importância das agências reguladoras que tenham autonomia e orçamentos blindados, para atuar na interface com os usuários da infraestru- tura e defender suas necessidades. Elas fazem parte do arcabou- ço legal exigido pelos investidores privados. Não esqueçamos das reformas estruturais visto como inadiá- veis - até porque não tem como continuar se gastando mais do que se arrecada. A irresponsabilidade fiscal levou o País à sua pior recessão da história. Falta ao governo nos três níveis abraçar a nova cultura de gestão pública com seriedade fiscal, para sustentar um ciclo sólido de crescimento econômico – único caminho pos- sível para reduzir as desigualdades. A modernização da infraestru- tura é parte essencial dessa estratégia para as próximas décadas.